O Governo autorizou, em despacho publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (25/6), a abertura de concurso público para a contratação de 1100 Policiais Penais. Embora essa seja uma boa notícia, a contratação de 1100 policiais, que só deve ser efetivada em 2027, nem de longe supre o déficit crônico sofrido pela SAP, estimado em cerca de 12 mil policiais e 3 mil servidores administrativos.
Desde a posse de Tarcísio de Freitas a SAP perdeu mais de três mil Policiais Penais. Essa defasagem vai crescer porque todos os anos há uma redução de efetivo devido á aposentadoria ou exonerações. Com o cancelamento do concurso para 1100 ASPs em 2023, o Governo Tarcísio será o primeiro da história que não contratou nenhum novo policial para a Secretaria, um triste exemplo de sucateamento da segurança pública em nosso estado.Nem mesmo o Governo Dória, que tentou privatizar os presídios, chegou a esse ponto.
Após a autorização ainda deve ocorrer a licitação para a banca examinadora e todas as fases do concurso. Se somarmos os 9 meses de treinamento, só teremos novos policiais assumindo suas funções em 2027 o que aponta um quadro assustador do ponto de vista da segurança e disciplina das unidades prisionais paulistas.
Em maio, o governador Tarcísio tentou acabar com o deficit de policiais com uma canetada: extinguiu 12.026 cargos da Polícia Penal, conforme publicação no Diário Oficial do Estado. A medida eliminou 2.633 vagas de Agentes de Escolta e Vigilância Penitenciária (AEVP) e 9.393 de Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). A imprensa repercutiu a manobra.
A extinção ocorreu justamente quando a SAP enfrenta o maior déficit funcional de sua história, com uma população carcerária que não para de crescer, atualmente em torno de 210 mil detentos.
Só maldades
Apesar da votação maciça que obteve entre os Policiais Penais, o Governador Tarcísio de Freitas tratou de forma bastante injusta esses abnegados servidores, foi o primeiro da história a não reajustar os salários no mesmo nível das demais forças de segurança, adiou em cerca de dois anos a regulamentação da Policia Penal e impôs uma lei que além dos prejuízos financeiros e de carreira, não contemplou os Policiais Penais com nenhum direito ou prerrogativa, não incluindo na lei, sequer o acautelamento de armas.
Agora com a abertura de um concurso para apenas 1100 vagas condena a SAP a um déficit crônico em meio ao aumento da população carcerária, degradando ainda mais as condições de trabalho dos policiais. O descaso com a segurança pública e com os policiais é, no mínimo, incoerente com um governo que diz priorizar a segurança pública.
Em 17 de junho, o SINPPENAL enviou ao governador um ofício solicitando a inclusão dos policiais penais na "Operação Delegada", com as necessárias adequações legais; o reenquadramento funcional dos policiais penais (ativos e inativos) considerando o tempo de serviço e a abertura de um concurso para 5.000 vagas para policiais penais e 3.000 vagas para servidores.
Importante salientar que a abertura de concurso é fruto de muita mobilização e de muita denúncia do Sindicato à imprensa. Sem a atuação dos servidores, que incansavelmente denunciaram o deficit em todas as instâncias de poder, a situação estaria ainda pior.
O despacho autorizando a abertura do concurso pode ser vista no link abaixo: