Denúncias recebidas pelo SINPPENAL, nesta terça-feira (28), dão conta de que um policial penal sofreu agressão por parte de um preso na Penitenciária de Iperó. A agressão teria ocorrido quando o policial penal levava o preso para o Pavilhão Disciplinar por burlar a vigilância na tranca no período da manhã. Ele agrediu com as algemas, ferindo o rosto de policial penal. Além do corte e hematomas no rosto, o profissional ainda sofreu ferimentos na cabeça (o preso bateu a cabeça do policial na parede).
Essa situação mostra as condições precárias de trabalho dos policiais penais nas unidades prisionais, tantas e tantas vezes alertadas pelo SINPPENAL, como fator de extremo perigo para os profissionais e para os próprios presos. Além da superlotação, a relação entre o número de detentos e o de policiais penais em São Paulo é desproporcional.
Dados de 2023 já mostravam que as unidades prisionais da Região Metropolitana de Sorocaba, que englobam os presídios localizados em Sorocaba, Capela do Alto, Iperó, Mairinque e Votorantim, tinham quase 50% mais presos do que a capacidade delas permite.
Segundo dados da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), na época, as cinco unidades possuíam, juntas, 7.500 vagas, porém registrando uma população de 10.997 presos, 46,63% a mais do que deviam comportar. É o já conhecido “bomba relógio”, sempre prestes a explodir.
Em Iperó, a população carcerária é de 3.089 presos em uma local cuja capacidade é de 1.851 prisioneiros, ou seja, 166,89% da lotação, representando 29,39% acima do máximo de superlotação que é de 137,5%, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). São 20,32 presos por policial penal no local, quatro vezes o recomendado.
Em maio de 2025, foi noticiado que algumas unidades prisionais operavam com uma proporção de 26 presos por agente, muito acima do ideal. Comparativamente, em 2017, já se apontava que a proporção em São Paulo era a metade do recomendado pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Um preso morre e três ficam feridos em Iperó
O barril de pólvora em que se transformou o sistema carcerário do Brasil deixou mais uma mostra das péssimas condições em que trabalham os policiais penais, que vivem sob extremo estresse. Na mesma Penitenciária Odon Ramos Maranhão, de Iperó, onde o policial penal foi agredido nesta terça-feira, um outro incidente deixou um preso morto e três feridos.
O incidente aconteceu após um tumulto, em que os próprios presos atearam fogo na cela de inclusão, na noite de segunda-feira (27), o que provocou um incêndio no local.
De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), as vítimas foram socorridas por policiais penais e encaminhadas a um hospital de Itapetininga (SP) e ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). Um dos presos teve problemas nas vias aéreas por conta da fumaça e o outro está internado com queimaduras.