Nossa luta é que todos participem das festas , e que os vídeos e as imagens se tornem realidade
Imagine sair de casa com o coração acelerado, olhando para trás a cada sombra na periferia, onde o crime organizado não perdoa. Para policiais penais, servidores administrativos e profissionais de saúde no sistema prisional paulista, essa é a rotina invisível: uma mistura de coragem silenciosa e tensão constante que protege a sociedade, mas que poucos conhecem de verdade. O sistema enfrenta superlotação crônica,mais de 220 mil detentos em vagas para pouco mais de 150 mil e um déficit de quase 35% no efetivo. Enquanto eventos como o Dia da Polícia Penal brilham com pompa e medalhas "Ao Mérito Penitenciário", o contraste é doloroso: enquanto o governo celebra e propaga inverdades sobre contratações inexistentes e aumentos que nunca foram concedidos os Policiais e demais profissionais agonizam na penúria.
Enquanto vídeos bem produzidos para as redes sociais mostram uma Polícia Penal que só existe em nossos sonhos, vivemos o pesadelo do dia a dia longe dos olhos da sociedade.
O bônus de produtividade, que foi um direito adquirido, fica à mercê de decisões opacas e pode nem ser pago esse ano. Essa disparidade não é só injusta; ela esgota e adoece os profissionais, gerando uma certeza de descaso e o gosto amargo de ter sido iludido.
As promessas de valorização viraram chacota cruel contra aqueles que arriscam suas vidas para defender a sociedade.
O SINPPENAL ouve diariamente essas vozes, carregadas de medo por perseguições internas ou externas. Escute este depoimento anônimo, eco de tantas outras:
"A rotina começa saindo de casa escondido, com o coração na boca na periferia. Na unidade, o primeiro desafio: conferir presos em celas lotadas, contando pavilhões sozinho, com a vida funcional em risco. Movimentar detentos é um malabarismo – o déficit de equipe exige vigilância total, equilibrando segurança e a Lei de Execução Penal, que garante direitos a eles e fardos a nós. Ordens impossíveis chegam por ameaças; faltam policiais, servidores administrativos e profissionais de saúde. O sistema emperra, mas o governo pressiona, adoecendo quem está na ponta. Reclamar? O medo de retaliação me cala."
Essas palavras ressoam em todos: vivemos em um sistema que prioriza aparências acima das pessoas e silencia qualquer clamor por justiça.
Todos os dias, cada um de nós segue a mesma rotina. Na chegada à unidade, a conferência em celas superlotadas expõe o caos, um erro pode transformar o pavilhão em brecha de segurança. A movimentação de presos testa limites: com equipe reduzida, cada passo equilibra a segurança da unidade e os direitos dos presos garantidos na LEP. Caso falhe você se expõe a processos e sanções, pois a culpa nunca é do sistema.
Pautas impossíveis que ultrapassam em muita as 12 horas do plantão, em viaturas precárias e condições impensáveis.
Vigílias intermináveis em torres e muralhas em condições precárias em que o efetivo reduzido testa os limites de resistência e sanidade.
Em todos os setores ordens irreais e demandas impossíveis que adoecem e geram um círculo vicioso de déficit e afastamentos que minam a esperança de dias melhores. Enquanto a "realeza" celebra em festas glamourosas, temos um recorde de suicídios. Os policiais continuam saindo escondidos para os pavilhões, muralhas e escoltas, pois o salário de miséria não permite morar em locais mais seguros.
O turno 12/36 massacra e faz com que para muitos o convívio com a família seja apenas um curto período entre plantões exaustivos.
Em troca de nossa dedicação ao estado recebemos apenas promessas: uniformes, armamentos, salários.
A situação atual não é sustentável; afeta nossas famílias, nossa saúde e dignidade. Mas a esperança reside na união: a Pauta da campanha salarial de 2025, ignorada, nos prepara para a luta em 2026.
Essa não é uma denúncia isolada – é um convite para despertarmos juntos. Enquanto as festas mascaram o abismo, chamamos para a união: compartilhe sua história de resiliência na carceragem, muralha,escolta, administração ou saúde. Problemas como IAMSPE deficiente, transferências paradas e promessas não cumpridas nos unem. Este governo prometeu e não cumpriu; em dezembro, façamos o esquenta: envie relatos para: presidêEste endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelas redes do Sinppenal. Cada narrativa fortalece nossa rede.
Você não caminha sozinho nessa jornada árdua o SINPPENAL estará a seu lado. Não queremos pompa, apenas dignidade – o tempo é agora. Unidos e organizados, somos imbatíveis.