Marc Souza

Agente penitenciário, escritor e Diretor do Sifuspesp
compartilhe>

 

Por Marc Souza - agente de segurança penitenciária, diretor de base do Sifuspesp e escritor

É interessante e às vezes muitos podem nem acreditar, mas não existe nada tão estranho do que o ambiente de uma unidade prisional, seja qual for o modelo ou o perfil dos sentenciados recolhidos. Quando você entra em uma unidade prisional, parece que você está em outro mundo, um universo paralelo, onde o branco nunca é branco e a luz do sol entra com mais dificuldade.

Você pode pintar as paredes nas mais diversas cores e iluminar todo o ambiente, no entanto, parece que a vida, a alegria, não encontra ali, um abrigo seguro.

O excesso de paredes de concreto, a presença ostensiva de grades, cadeados, trancas e o barulho do choque entre ferros deixam o ambiente mais opaco, triste, frio.

Ao entrarmos em uma unidade prisional, parece que somos imersos em sons e sombras únicos que somente nos deixam quando ouvirmos o fechamento da última porta no final do dia de trabalho. Situação na qual vem um alívio. É como sair do inferno para o céu.

E isso não é só no sentido figurado.

Some a este ambiente ignóbil uma hostilidade constante regida por regras próprias muitas destas cruéis. Some isso a ameaças, constantes agressões gratuitas e situações de terror indescritíveis e você verá que o que eu disse é a mais pura verdade.

 

Portanto ao passar em frente a uma unidade prisional, mesmo que somente em seu coração, faça uma reverência àqueles que estão por trás daqueles muros, àqueles que estão sujeitos a todo tipo de violência, em um mundo paralelo, hostil, mas, que mesmo assim dão a vida para proteger o que estão fora daqueles muros.

 

Ao ver aquelas grandes muralhas imagine que apesar de todas as dificuldades encontradas, de toda a hostilidade sofrida, do perigo e medo iminente, por trás daqueles muros frios de concretos existem heróis anônimos que vivem e sofrem o inimaginável. Pessoas aparentemente comuns, que lutam para manter a segurança de uma sociedade que na maioria das vezes os ignora, mas que mesmo assim, sem o reconhecimento devido, não desistem e trabalham para fazer um futuro melhor.

E não se esqueçam jamais que por trás daquelas muralhas existem homens e mulheres dignos de ser chamados HERÓIS.