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Com alta incidência entre agentes e policiais militares, drama é precedido de adoecimento mental ligado ao trabalho e demanda união e confiança entre servidores para ser evitado

por Giovanni Giocondo

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados no último dia 10 de setembro, mostraram que, em 2018, o número de policiais militares que cometeram suicídio no Brasil foi superior à quantidade de PMs mortos em confronto durante ações ostensivas. Foram 104 casos de trabalhadores da segurança pública que tiraram a própria vida, contra 87 óbitos em decorrência das ações de criminosos.

Entre os trabalhadores penitenciários, infelizmente essas estatísticas, se não são tão altas, possuem gravidade semelhante. De acordo com levantamento feito pelo SIFUSPESP apenas com base em informações registradas no Estado de São Paulo, oito servidores do sistema prisional cometeram suicídio entre janeiro e agosto de 2019, uma média de um caso por mês.

Tais números, por si só, são indícios claros de que as carreiras da segurança pública no Brasil precisam de mais atenção e cuidados no que tange ao diálogo sobre as origens dos problemas que levam policiais e agentes a cometer suicídio. E dentre tantas as causas que podem ser identificadas no cerne desse debate - que ganha as manchetes em setembro, mas que precisa estar em destaque durante todo o ano - o adoecimento mental gerado a partir do ambiente de trabalho é aquele que torna mais urgente a atenção do sindicato.

Os profissionais da psicologia e da psiquiatria que prestam atendimento aos integrantes das carreiras de segurança pública têm entendido que os quadros de tentativa e consumação do suicídio possuem fortíssima ligação com a situação degradante que essas pessoas enfrentam em seu cotidiano dentro das unidades prisionais.

A maior parte dos servidores atua em jornadas extenuantes, de 12 horas seguidas por 36 horas de descanso. Muitos vivem longe de suas famílias, um vínculo fundamental que quando desfeito provoca crises permanentes de tristeza e desalento. Os baixos salários e consequentes problemas financeiros não são exceção.

Para além desses problemas, a violência endêmica que assola o sistema, o medo de ameaças, de agressões e da própria morte frente aos criminosos também são fatores determinantes para a ocorrência de transtornos mentais graves, que começam a sedimentar na mente dos trabalhadores a falta de saída para tantas questões.

Nesse sentido, o papel do sindicato deve ser de protagonismo. Além de denunciar déficit funcional, superlotação, desvio de função e exigir reajustes salariais, é estar permanentemente em diálogo constante e franco com todos os trabalhadores a respeito do tema, mesmo com tantos tabus que insistem em impedir a abertura desse canal.

O drama de enfrentar as agruras da vida deve ser encarado em conjunto. Juntos, podemos desenvolver ferramentas que nos façam mais sensíveis e conscientes de que amigos próximos podem estar passando por situações difíceis e que precisam de ajuda urgente. 

Converse mais, confie mais e seja parte dessa solução. O SIFUSPESP apoia essa ideia.

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