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Governador não informou para onde serão encaminhados trabalhadores penitenciários lotados nas unidades prisionais, que estão situadas em área com alta valorização imobiliária

 

por Giovanni Giocondo

Sem informar o destino dos trabalhadores penitenciários, tampouco dos mais de 5 mil presos que vivem sob custódia nas quatro unidades prisionais, o governador João Doria (PSDB) anunciou nesta quinta-feira (07) que vai desativar os Centros de Detenção Provisória (CDPs) de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista.

De acordo com o mandatário de São Paulo, no lugar dos CDPs será construído um parque industrial e tecnológico, que será construído a partir de maio de 2020 e incluirá áreas da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) - este de propriedade do governo federal, mas já incluído no chamado “Pacote de Desestatização”, além do  Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e Parque do Jaguaré. 

Doria não informou, no entanto, prazos que tratem sobre a desativação do complexo, inaugurados em 2003 durante a gestão Geraldo Alckmin. 

Na opinião do SIFUSPESP, o anúncio feito pelo governador é preocupante pois desconsidera os interesses dos servidores do sistema prisional que atuam nas unidades e que vivem no entorno. “Para onde esses trabalhadores serão transferidos? Quando essas transferências vão acontecer? Haverá escolha? Precisamos sanar essas dúvidas imediatamente”, questiona o presidente do sindicato, Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá.

Ainda de acordo com Jabá, mais uma vez o governador pega a categoria “de surpresa” ao definir mudanças drásticas nas unidades sem levar em consideração a radical transformação pela qual podem passar as vidas desses trabalhadores e de suas famílias caso tenham de sair sem qualquer tipo de aviso prévio. “Por esse motivo, o SIFUSPESP vai apurar mais informações sobre como se dará esse processo e se ele é mesmo irreversível”, ponderou.

 

Região deve ter grande valorização imobiliária nos próximos anos

A região do Jaguaré e da Vila Leopoldina/Villa Lobos é de grande interesse comercial e está na mira da iniciativa privada. A valorização dos imóveis do bairro têm sido constante nos últimos anos, alcançando um dos maiores preços por metro quadrado da região oeste da cidade,, de acordo com levantamento feito pelo índice FIPE/ZAP.  

A Votorantim e outras empresas parceiras, através de um Plano de Intervenção Urbana previsto no Plano Diretor de São Paulo, cuja consulta pública foi feita quando Dória ainda era prefeito da capital, em 2018, já iniciaram a revitalização dos bairros próximo aos CDPs - com investimento de R$ 80 milhões em melhorias urbanas (retirada de favelas e construção de moradias populares)  - como contrapartida à utilização da área para negócios.

Na segunda quinzena de novembro, o grupo corporativo vai inaugurar na região um empreendimento chamado State, com área de 27 mil m² e capacidade para receber centenas de empresas ligadas à inovação. O local ficará a apenas 2 km de distância dos CDPs. 

Já o governo Doria prometeu também conceder, em parceria com a Prefeitura de São Paulo, a gestão da Marginal do Pinheiros à iniciativa privada e dar mais combustível à aceleração do projeto de desestatização. O projeto ainda não saiu do papel, apesar de a parceria entre município e Estado ter sido assinada em fevereiro.

Todos essas ações podem estar intimamente ligadas e demonstrar que, para fazer valer seus interesses e das corporações que tentam revitalizar a região em prol de uma mentalidade empreendedora, a atual gestão do governo de São Paulo poderia levar adiante um projeto antes mesmo de definir como seus servidores terão de lidar com uma mudança de endereço tão extrema.

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