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João Vitor Santos cria rimas e músicas a partir da inspiração em boas práticas de fé e superação das experiências mundanas

por Giovanni Giocondo

Inspirado no ritmo e na poesia que estruturam as bases do rap, o agente de escolta e vigilância penitenciária João Vitor Santos, lotado no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Limeira, no interior paulista, apresenta um talento diferenciado para fazer do sistema prisional um espaço de reflexão sobre o cotidiano da vida. 

Com lápis e papel na mão e muitas ideias na cabeça, ele aborda nas letras formas de lidar com as dificuldades que se apresentam no dia a dia do trabalho e do mundo. “A música me proporciona uma percepção mais ampliada sobre a realidade, até pela gênese do rap, que é uma canção de protesto, que expõe problemáticas, lutas e conscientização sobre inúmeros assuntos. É um estímulo na busca de conhecimento”, relata.

O início do contato com o rap veio ainda na infância, aos 5 anos. Um primo mais velho de João Vitor ouvia algumas músicas em casa, do grupo “Face da Morte”, e transcrevia para um caderno as letras que tratavam sobre criminalidade e falta de perspectivas de jovens das periferias. “Aquela ação me marcou pelo ritmo, a forma como era falado”, conta.

Já na adolescência e por influência de amigos, passou a abrir os horizontes para outros nomes do rap nacional, ao acompanhar as novidades trazidas pelos notórios MV Bill e Racionais MCs, entre outros grupos e músicos que se popularizavam muito no Brasil. De um simples fã, ele compreendeu que poderia avançar rumo a voos mais altos.

“Tempos depois, comecei a pesquisar como escrever rap, como funcionava a estrutura métrica, figuras de linguagem, entre outras técnicas para auxiliar na composição. E quando surgiam alguns insights, eu fazia as anotações no bloco de notas do celular ou no caderno, entrava na internet para procurar uma base instrumental. Aí foram começando a surgir minhas primeiras músicas, que eu compartilhava com os amigos e nas redes sociais” explica.

Das primeiras criações para cativar um público fiel, foram alguns anos de experimentações e movimentos no sentido de se aproximar de temas como a fé, a superação e letras sensíveis que tratam de vivências por pessoas próximas ou do próprio cotidiano. “Uma vertente mais puxada para o rap gospel”, esclarece João Vitor, que também compõe em homenagens ao dia internacional da mulher e a datas comemorativas, entre outras passagens importantes.

Para o agente, atualmente com 26 anos, a música auxilia no dia a dia de atenção na vigilância das muralhas e nas escoltas como forma de terapia. “É uma válvula de escape onde a licença poética me permite expressar aquilo que eu sinto, aquilo que eu acredito ser bom”, reflete, lembrando que seu objetivo principal é fazer com que as pessoas reflitam sobre suas vidas, incluindo elementos dessas vidas que muitas vezes passam despercebidos.

“Também busco transmitir uma cosmovisão do evangelho, que para mim não é uma religião, mas estilo de vida. Força, luta e nunca desistir dos seus sonhos, mensagens que escrevo para mim e todos aqueles que ouvem meus versos”, reitera o músico e servidor do sistema prisional, que têm nos pais e avós exemplos de inspiração para seguir em frente. “Me encorajam a ser uma pessoa melhor e possivelmente uma referência para outros seres humanos”, finaliza. 

Quer conhecer mais da obra do João Vitor?

Acesse a página do rapper no Facebook:
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E o canal no You Tube:
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