Sobre o ato do dia 15 de outubro realizado na Penitenciária Feminina em Tupi Paulista em apoio a funcionárias agredidas
O sistema prisional paulista vive um massacre silencioso e constante que não é visto pela imprensa, pelas comissões de direitos humanos, pela sociedade ou mesmo pelo judiciário. São muitos mortos, muitos que acabam tornando-se inválidos, muitos marcados física e psicologicamente pelo resto de suas curtas vidas.
As vítimas deste massacre sofrem em silêncio dentro das muralhas. Este massacre torna o já falido e desumano sistema prisional paulista ainda mais desumano e cruel.
Não falamos dos encarcerados, que também sofrem com o assédio do crime organizado e pelas desumanas condições materiais que o Estado oferece. Falamos dos trabalhadores do sistema, os agentes de segurança penitenciária, os agentes de escolta e vigilância, técnicos, profissionais de saúde e demais funcionários.
Esses trabalhadores realizam suas atividades diárias em prisões superlotadas, dominadas pelas facções criminosas, tendo que se desdobrar em várias funções devido a falta de efetivo. Neste mês de outubro foram registradas oito agressões a funcionários do sistema.
Vivendo sob constante ameaça de agressões, assassinatos e condições insalubres. Sofrendo a pressão diária do assédio moral, muitas vezes sob a forma de processos administrativos injustos e transferências não justificadas. Os índices de autuação por meio deste instrumento não são razoáveis se comparados com outras secretarias.
Segundo pesquisa da USP um agente prisional vive em média 45 anos. Alcoolismo, depressão e suicídios são comuns, pois muitos não suportam viver sob tanta pressão.Nenhuma condição efetiva e interesse do Estado é percebida no sentido de dar condições aos processos de ressocialização dos apenados. E como se pode esperar ressocialização, quando os funcionários do sistema mal conseguem sobreviver com salários achatados, sem aumento a quase quatro anos, desdobrando-se em horas extras e sem o mínimo apoio do governo e das direções dos presídios.
Dia 13 de outubro cinco agentes da penitenciária feminina de Tupi Paulista sofreram tentativa de homicídio e acabaram cortadas por uma presa, mas não puderam contar com o auxílio e proteção do sindicato pois a direção da unidade proibiu a entrada do representante da entidade dentro da unidade prisional.
Enquanto o sistema prisional não permitir que seus funcionários sejam apoiados por órgãos de classe e que seja um espaço transparente para a sociedade, não poderemos afirmar que a democracia e os princípios constitucionais e de dignidade da pessoa humana estão sob vigilância de todos.
Por isso realizamos um ato em frente à Penitenciária Feminina de Tupi Paulista em apoio às nossas companheiras de trabalho. Não suportamos mais sofrer calados.
Nossa voz será ouvida! Não sofreremos quietos! Basta de agressões! Basta as condições desumanas de trabalho! Vamos lutar para mudar nossas vidas e o sistema prisional!
- Sobre o falecimento abrupto e trágico de Daniel Grandolfo, José Cícero de Souza e Edson Chagas.
Documentário de Aly Muritiba exibido em Cine-Debate no IFSP possibilitou mudança na visão de quem é o profissional do sistema prisional
A exibição do documentário “A Gente” fez sucesso entre a comunidade que compareceu ao Cine Debate realizado no auditório do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Campus Caraguatatuba, na última terça-feira, 10/10. O filme, do cineasta Aly Muritiba, aborda o trabalho, a vida e o dia a dia de agentes penitenciários, com as dificuldades e dilemas que envolvem a vida do profissional.
Entre os debatedores presentes estiveram Felipe Tobias, presidente da subseção da OAB de Caraguatatuba, Alexandro da Silva, presidente da Comissão de Direito Penal da mesma subseção; estudantes e professores do IFSP, além dos Agentes de Segurança Penitenciária (ASPs) do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Caraguatatuba. O debate foi intermediado pelo professor Dr. Ricardo Roberto Plaza Teixeira, responsável pelo Cine Debate que acontece semanalmente na instituição.
Segundo Rogério Grossi, diretor de base do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo(SIFUSPESP) e co-organizador do evento, a apresentação do filme teve um público acima do esperado e foi a oportunidade de demonstrar, por meio de um recorte muito bem produzido por Aly Muritiba, a realidade da vida dentro de uma penitenciária.
“Os agentes penitenciários presentes enriqueceram o diálogo, elucidando questões e construindo a figura de quem realmente são, mostrando sua importância na sociedade”, contou Grossi
Segundo o sindicalista, questões como a alta taxa de suicídios, a baixa expectativa de vida, a superlotação das unidades, a falta de efetivo, a baixa remuneração e a gestão do Sistema Penal foram abordadas durante o debate, em “um trabalho de sensibilização e proliferação de informações verídicas e humanizadas desta categoria”.
“Foi uma oportunidade de derrubar o estigma de uma profissão de servidores vista como corrupta ou torturadora para trazer o olhar de um profissional como qualquer outro, vivendo diferenciadas questões em seu ambiente de trabalho, que entretanto, neste caso, trata-se de uma sociedade à parte, que é a vida de trabalho dentro de uma Penitenciária”,ele concluiu.
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