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Ao falar em “conivência dos agentes prisionais” com armas e drogas no presídio de Altamira (PA), Sheherazade generaliza e desrespeita toda a categoria. Ela ainda ignora a realidade e dos fatos: a de que não nunca houve servidores concursados no sistema prisional do Pará, onde os primeiros trabalhadores penitenciários do Estado tomam posse neste 3 de agosto

Em vídeo divulgado neste 30 de julho, novamente Rachel Sheherazade perde completamente a linha e a razão ao atacar os agentes penitenciários em sua crítica ao massacre que resultou na morte de mais de 60 detentos nesta semana, no Centro de Recuperação Regional de Altamira (PA). O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (SIFUSPESP) repudia veementemente as declarações da jornalista e vai tomar todas as medidas legais cabíveis, por meio de seu Departamento Jurídico, contra o desrespeito à categoria. 

Além das medidas jurídicas, convidamos a categoria a se manifestar nas redes sociais da jornalista, mas ao contrário da forma como ela agiu, vamos fazer nossas críticas de maneira respeitosa sem deixar de expressar nosso ponto de vista pelo Twitter https://twitter.com/RachelSherazade citando @RachelSherazade, na fan page https://www.facebook.com/rachelsheherazadejornalista/ ou diretamente está postado o vídeo no YouTube https://youtu.be/Ppt9vSkGA04. 

Também é importante negativarmos clicando em “Não gostei" e denunciarmos o vídeo no YouTube clicando em “Denunciar”, que aparece ao lado “Salvar” à direita da tela. Escolha a opção “Conteúdo de incitação ao ódio ou abusivo” e em seguida o item “Estimula ódio ou violência”. Depois acrescente o comentário criticando a jornalista, informando o tempo do vídeo em que ela acusa dos agentes, como mostra a imagem abaixo.

Em seu comentário venenoso no vídeo intitulado “Monstros contra monstros”, a jornalista diz que há “armas e drogas circulando sob o nariz e olhar do Estado e com a conivência dos agentes prisionais” e completa que “todo mundo sabe que cadeias são um antro de criminosos, e criminosos dos dois lados das celas, se é que vocês me entendem…”.  

Sim, nós trabalhadores penitenciários com toda a certeza entendemos muito bem o que se passa dentro e fora dos presídios, ao contrário da jornalista que peca duplamente em seu comentário: primeiro, por desrespeitar os agentes penitenciários do Estado de São Paulo e de todo o país ao generalizar a atuação de alguns como se representassem o todo. Os agentes penitenciários honestos são a maioria e, infelizmente, como em todo os segmentos profissionais, pagam pela desonestidade dos corruptos que são poucos e são exceção, não regra no sistema prisional como Rachel Sheherazade afirma.

Os servidores penitenciários enfrentam um duro cotidiano, marcado pela precariedade, déficit de funcionários e a superlotação que são de culpa do Estado, e mesmo assim realizam seu trabalho com dignidade, não raro sofrendo agressões e adoecendo devido à atividade profissional - quantos casos de depressão e suicídios temos visto em nossa categoria? Não são poucos os guerreiros e guerreiras afetados fisicamente e psicologicamente pelas agruras da profissão. Vale ainda destacar o papel do agente penitenciário como garantidor de direitos do próprio detento. 

Em segundo, ao generalizar o caso para desferir críticas aos agentes penitenciários, Rachel Sheherazade deixou de lado tanto o respeito à categoria, como esqueceu do profissionalismo e de um dever básico de todo jornalista: a checagem de informação. 

No caso de Altamira, a situação foi de tal gravidade exatamente porque não há agentes penitenciários concursados no Centro de Recuperação Regional (CRR) e em nenhuma outra unidade prisional do Pará, mas apenas profissionais contratados de forma precária e irregular para trabalhar no sistema. A primeira nomeação de servidores penitenciários do Estado acontecerá neste sábado (3), pois, diante da situação, o governo estadual paraense decidiu antecipar a posse de 485 concursados

A ausência dos agentes penitenciários em Altamira foi criticada nesta semana em nota pública da Federação Sindical Nacional dos Servidores Penitenciários (FENASPEN), que ressaltou que o trabalho de custódia dos detentos é de responsabilidade exclusiva do Estado e não pode ser transferido a terceiros ou privatizado. Além disso, em maio, na Câmara dos Deputados, a Federação já havia alertado para a precariedade do sistema prisional do Pará e exigido providências antes que ocorressem massacres como os dos presídios privatizados em Manaus. 

Todas essas informações foram ignoradas pela jornalista que, esperamos, faça uma retratação à categoria. Mas não vamos esperar de braços cruzados. Vamos à Justiça e também vamos às redes sociais respeitosamente explicar à Rachel Sheherazade que não se trata de “monstros contra monstros”, mas de seres humanos como ela própria, com erros e acertos em suas trajetórias de vida. Que vença o melhor. 

Confira o vídeo do presidente do sindicato, Fábio Jabá, comentando o caso e as medidas que serão tomadas pelo SIFUSPESP:

A Federação Nacional Sindical dos Servidores do Sistema Penitenciário (FENASPEN) vem a público para rebater as declarações da jornalista Raquel Sheherazade, feitas ao tratar do massacre ocorrido no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará. A carnificina promovida na última segunda-feira (29) por alguns detentos causou a morte de mais de 60 presos. 

Em vídeo veiculado em seu canal no Youtube na terça-feira (30), sob o título Monstros contra Monstros, Sheherazade taxou todos os trabalhadores penitenciários de “corruptos”, por supostamente facilitarem a entrada de objetos ilícitos nas unidades prisionais, o que teria resultado no massacre.

A FENASPEN acredita que, de forma desrespeitosa e generalizada, a jornalista caluniou toda a categoria.

Na opinião da Federação, essas declarações são uma afronta escancarada aos agentes penitenciários, do Pará e de todo o Brasil, que trabalham de forma honrada, honesta e heróica, e que tem o compromisso de combater inúmeros atos ilícitos cometidos dentro do Sistema Penitenciário.

Os agentes penitenciários trabalham contra a criminalidade e tem todo tipo de obstáculos a vencer, entre eles a superpopulação carcerária, a falta de condições de trabalho, de reconhecimento jurídico e o desrespeito por parte da população e de um setor da própria imprensa, que insiste em nos tratar como “monstros” e “corruptos”.

É preciso reforçar que o combate à entrada de objetos ilícitos nas penitenciárias é constantemente realizada pelos agentes penitenciários, tanto em fiscalizações quanto em operações. Porém, a falta de efetivo na vigilância interna e a ausência de agentes penitenciários escalados para a guarda externa em diversos Estados prejudicam esse trabalho, o que atesta que a responsabilidade não é dos indivíduos que atuam como funcionários, mas da gestão das penitenciárias, seja ela pública ou privada.

Ao falar dos problemas do Sistema Penitenciário sem nenhum conhecimento do que realmente acontece dentro dos muros, Sherazade desconsidera a complexidade do cotidiano das unidades prisionais. Se ela pudesse vivenciar na prática o Sistema Penitenciário e entender o que é o real trabalho dos agentes, talvez começasse a valorizá-los.

O jornalista que sai do conforto da redação e das redes sociais e vai a campo buscar a informação é realmente raridade nos dias de hoje. Fica aqui portanto nosso convite e sugestão para Rachel Sheherazade. Conheça o sistema prisional por dentro!

Diante dessas declarações, que a Federação considera injustas, o Departamento Jurídico da entidade já está estuda como elaborar uma ação judicial que exija a retratação de Sheherazade

O exercício democrático da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão deve ser sempre preservado, mas ele precisa também ser acompanhado de responsabilidade, ética e, principalmente, de apuração dos fatos antes de um julgamento precipitado.

Dito isso, é preciso lembrar que mesmo relegados a um segundo plano em relação a outros operadores da Segurança Pública, os agentes penitenciários são guerreiros, trabalhadores honestos e realizam uma atividade de custódia, ressocialização e reintegração dos presos, no cumprimento da lei de execução penal.

Parte da população, insuflada por vozes de formadores de opinião como Rachel Sheherazade, esquece que, para que sua segurança e sua tranquilidade sejam preservadas, alguém precisa fazer esse serviço. Esse é o trabalho dos agentes penitenciários.

Nesse sentido, parte da solução para muitos dos transtornos e problemas do Sistema Penitenciário passa pela criação da Polícia Penal, que aumentará ainda mais a responsabilidade dos agentes no combate à criminalidade e à violência.

A Fenaspen segue na luta para que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 372/2017) que trata do tema, já aprovada pelo Senado, seja ratificada pela Câmara dos Deputados e permita que, em definitivo, nossa atividade possa ser reconhecida e possamos continuar trabalhando em prol de toda a população brasileira.

 

Fernando Ferreira  Anunciação

Presidente da FENASPEN

Novos servidores assumem no próximo sábado (3) em plano de ação para contornar crise gerada por dezenas de mortes em Altamira. Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária já desembarcou no Estado

 

por Giovanni Giocondo

O governo do Pará decidiu antecipar em uma semana a posse dos agentes penitenciários aprovados em concurso público para atuar no sistema prisional do Estado. Os novos trabalhadores penitenciários assumem a função no próximo sábado (3). No total, 485 agentes começarão a trabalhar nas unidades prisionais paraenses, que não possuem funcionários efetivos.

A ausência de servidores estáveis é uma das razões apontadas pela FENASPEN para o aumento da insegurança nas penitenciárias e, consequentemente, da reprodução de confrontos violentos entre os sentenciados, a exemplo do ocorrido na última segunda-feira (29), quando 57 presos foram mortos por outros detentos no Centro de Recuperação Regional de Altamira.

Outros quatro detentos identificados como autores da chacina morreram durante a transferência para outras unidades nesta terça-feira (30).

As nomeações são parte da estratégia da Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) e da gestão Helder Barbalho (MDB) para contornar a crise que assola o Estado após o massacre.

O governador também solicitou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública o envio de homens da Força-Tarefa e Intervenção Penitenciária (FTIP), do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) para atuar no Estado em caráter emergencial. Ao menos dez membros do grupo já desembarcaram no Pará na terça-feira.

A FTIP, que tem entre seus integrantes membros do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo, já atuou em casos semelhantes de retomada do controle de unidades rebeladas e alvo de massacres no Amazonas e em Roraima, entre outros Estados.




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