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Com pesar, o SIFUSPESP comunica o falecimento do policial penal João Carlos de Andrea, da Penitenciária de Paraguaçu Paulista. Ele foi vítima de um infarto sofrido em casa, onde residia sozinho, na madrugada deste domingo (29). 

Natural de Alfredo Marcondes e residente em Presidente Prudente, João Carlos trabalhava há 17 anos no sistema prisional paulista. 

O velório ocorre das 8h às 12h desta segunda-feira (30) em Alfredo Marcondes, seguido do sepultamento. 

A direção do sindicato expressa suas condolências à família, amigos e parentes do policial penal. O SIFUSPESP está à disposição para prestar o apoio que for necessário neste momento. 

 

Ailton Temóteo dos Santos foi alvo de ataque no final da tarde desta sexta-feira(27), quando controlava a saída de detentos pela subportaria durante cumprimento de alvarás de soltura determinados pela Justiça. O servidor não sofreu ferimentos, mas está muito abalado. SIFUSPESP defende punição para agressor e reforço na segurança dos centros de progressão penitenciária

 

por Giovanni Giocondo

O policial penal Ailton Temóteo dos Santos foi agredido por um detento quando controlava a saída de presos do Centro de Progressão Penitenciária(CPP) de Mongaguá que iriam para o regime aberto e livramento condicional, beneficiados por alvarás de soltura. O ataque aconteceu na subportaria da unidade, no início da noite desta sexta-feira(27). Temóteo é coordenador da sede regional do SIFUSPESP na Baixada Santista.

Apesar de não ter sofrido ferimentos graves, o servidor está muito abalado, e tem sua situação acompanhada de perto por toda a diretoria do sindicato, que além de prestar apoio psicológico, também o encaminhou para receber atendimento médico adequado.

O SIFUSPESP também já fez contato com a diretoria da unidade prisional, que auxiliou o policial penal a registrar o boletim de ocorrência e a elaboração do exame de corpo de delito. A notificação de acidente de trabalho(NAT) deve ser feita em até cinco dias.

De acordo com os relatos de Temóteo, a agressão aconteceu porque o detento desobedeceu a uma ordem e recusou a manter-se em fila junto dos demais reeducandos até ser feita a conferência de praxe, antes da saída, conforme determinam as normas. O sentenciado também ameaçou o servidor afirmando “ser do crime, do PCC” e perguntando se o policial penal não tinha medo de morrer. Ao ser advertido para interromper essa postura ofensiva, o preso iniciou uma discussão e partiu para cima do servidor, desferindo socos.

A situação só foi controlada graças ao apoio de um oficial administrativo, que viu a agressão e pediu ajuda pelo rádio. Com a chegada de outros policiais penais, ele conseguiu se livrar do ataque e receber atendimento médico. O preso foi isolado na cela disciplinar, e deve regredir para o regime fechado.

O presidente do SIFUSPESP, Fábio Jabá, informou que vai cobrar da diretoria do CPP a adoção de todos os procedimentos administrativos e judiciais necessários para punição do agressor dentro do que determina a lei de execução penal. Para o sindicalista, não há mais espaço para permitir ataques dessa magnitude contra qualquer trabalhador dentro do sistema prisional paulista.

“A frequência com que essas ocorrências têm se repetido é assustadora, e precisamos exigir medidas mais efetivas por parte da Secretaria de Administração Penitenciária para coibi-las. Uma delas, preventiva, é a utilização dos agentes de escolta e vigilância penitenciária(AEVPs) nos centros de progressão penitenciária”, alerta Jabá.

Na opinião do presidente do SIFUSPESP, fugas, rebeliões e agressões que não cessam demonstraram diversas vezes que a segurança do semiaberto está comprometida; “A presença desses policiais penais nas muralhas certamente poderia evitar casos como o que atingiu nosso companheiro”, reitera. 

No sistema prisional, mesmo desvalorizados pelo Estado e sob pressão por resultados, profissionais são responsáveis por promover a dinâmica do diálogo com a população carcerária, exercendo papel essencial na manutenção de um ambiente harmônico e dotado de um olhar mais humanizado sobre o que acontece dentro e fora dos muros

 

por Giovanni Giocondo

O dia 27 de agosto marca a criação da carreira do psicólogo e da psicóloga no Brasil. Profissionais de grande valor para a manutenção da sustentabilidade e da humanização do sistema penitenciário no país, eles têm enfrentado inúmeras dificuldades para promover seu trabalho nas unidades prisionais, enquanto a população carcerária cresce e a demanda por seus serviços não para de evoluir.

Ciente desse cenário, no qual o sindicato precisa defender permanentemente a forma de atuação desses servidores, que são parte fundamental no processo de execução penal, o SIFUSPESP vem a público não apenas para fazer essa homenagem, como também para abrir espaço à manifestação de um psicólogo.

No texto, este profissional que não será identificado para evitar perseguições,  reflete sobre o atual momento crítico vivido pela categoria, seus desafios, pretensões e sonhos para tornar os estabelecimentos penais e a experiência atrás das grades menos danosa à saúde mental de todos os envolvidos - inclusive a de si próprios. Confira a análise a seguir:

“Neste 27 de agosto, comemoramos o dia da psicóloga(o), profissão ratificada desde 1962 no Brasil por meio da Lei 4.119, promulgada pelo então presidente João Goulart. Em 59 anos, houve muitas lutas e a psicologia tem ampliado e desenvolvido seu olhar para o homem, não apenas na “subjetividade”, mas considerando os fenômenos sociais, políticos, econômicos, entre outros que interferem na vida das pessoas coletiva e individualmente.

Um dos espaços em que a psicologia se insere é nas prisões. O trabalho das psicólogas e psicólogos no sistema prisional tem se voltado não mais a “classificação, diagnóstico e prognóstico do homem criminoso”, missão esperada e muitas vezes imposta a estes profissionais por não psicólogos, que por não entenderem nosso fazer profissional, nos demandam um trabalho que não nos cabe. Temos sim de promover a saúde mental tendo em vista a vida em liberdade, para além dos muros da instituição.

As possibilidades do fazer profissional da psicologia dentro das prisões são amplas, mas antes é preciso considerar que em nosso país, o perfil majoritário de pessoas presas é composto por jovens, pobres, em sua maioria homens, negros ou pardos, com baixa escolaridade e os crimes são em sua maioria contra o patrimônio.

Patologizar estas pessoas apenas contribuir para a perpetuação de uma sociedade excludente, punitiva e não ressocializadora, onde a violência social cresce a cada dia. É preciso nos questionar sobre qual sociedade estamos construindo? Qual o objetivo das penas privativas de liberdade?

Desta forma, a contribuição da psicologia nas prisões volta-se aos sujeitos e suas vivências, tendo em vista a vida em liberdade, a manutenção dos vínculos afetivos e familiares, a promoção do exercício da cidadania, auxiliando essas pessoas a refletir sobre suas potências e potencial para desenvolvimento e transformação de suas existências de forma positiva para si e ao outro, estimulando a descontinuidade dos círculos viciosos que promovem a exclusão, a segregação social e a possível reincidência.

Atualmente, a falta de profissionais, as pressões cotidianas e a alta demanda por realizações de laudos para subsidiar progressões de pena (exame criminológico) têm sido os principais desafios para os psicólogos nas prisões.

As violações sofridas por esta categoria têm impactado negativamente na execução dos trabalhos e no atendimento adequado às pessoas presas. Ao longo do último ano, houve um aumento exponencial no desmonte e sucateamento de nosso trabalho. Muitos profissionais tem sofrido assédio, sendo obrigados de forma ilegal a realizar exames criminológicos de forma quantitativa fora de seus locais de lotação, sem possibilidade de diálogo e sem nenhum respeito à nossa profissão.

O SIFUSPESP, assim como o Sindicato dos Psicólogos e o Conselho Regional de Psicologia, têm empreendido esforços na defesa de nossa profissão. Um exemplo foram as ações oficiais das entidades contra a chamada “Ação Conjunta”, determinada pela Secretaria de Administração Penitenciária(SAP).

No segundo semestre de 2020, e sem nenhuma consulta prévia, a pasta obrigou estes profissionais a fazer um número maciço de exames criminológicos para cumprir com uma demanda reprimida da Justiça, enquanto os psicólogos e psicólogas deixavam de prestar assistência psicológica aos presos e às presas em suas unidades.

Atualmente, os profissionais pertencentes às Unidades da região Metropolitana de São Paulo revivem este drama, sendo convocados novamente, em meio a assédios de seus dirigentes e já adoecidos emocionalmente devido à ação passada.

Os profissionais de psicologia recebem um dos menores salários do Estado, sem condições estruturais para exercer sua função, sem acesso a recursos materiais e espaço adequado, sem incentivo à educação continuada e ainda, sem plano de carreira e promoção regularizados, em respeito à lei 1157/2011.

A maioria das unidades prisionais e os estabelecimentos voltados à reintegração social não possuem profissionais suficientes para atendimento à população carcerária. Em outras, não há sequer um profissional. A secretaria, mesmo com um concurso público para a carreira já homologado- realizado em 2018 - não convoca profissionais. A categoria não tem reajuste há anos, o que impacta em sua sobrevivência visto a desvalorização de seu salário decorrente de inflação e aumento do custo de vida neste mesmo período.

Como forma de contornar ao menos uma parte de tantos problemas, seria importante aproveitar esta data como referência para defender que os psicólogos sejam considerados pela lei como policiais penais. Fazemos parte da execução penal, e acreditamos que o Estado precisa ter esse entendimento. A inclusão na lei não deve ficar só no papel, e pode ser um princípio de ações emergenciais para valorizar, reconhecer e organizar o trabalho complexo e imprescindível realizado por esses profissionais dentro e fora dos muros.”

O SIFUSPESP somos todos nós, unidos e organizados. Filie-se!

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