Droga estava em sedex enviado por familiar à unidade
por Giovanni Giocondo
Policiais penais do Centro de Detenção Provisória(CDP) de Suzano, na Grande São Paulo, conseguiram impedir que nove maços de cigarros contendo pelo menos 59 gramas de cocaína chegassem ao poder de um detento, em apreensão feita neste domingo(31).
De acordo com os servidores, a droga foi embalada pela mãe do sentenciado, que fez o envio do entorpecente pelos correios - o sedex - que tem sido a única opção para encaminhar produtos aos presos desde a suspensão da entrega do jumbo, em março.
A cocaína escondida em substituição ao filtro de 180 cigarros só foi identificada com ajuda do scanner, que permitiu a visualização de manchas incomuns nos maços. Ao abrir o conteúdo, verificaram a presença da droga.
Conforme determinam os procedimentos padrão da Secretaria de Administração Penitenciária(SAP), a mãe do sentenciado foi excluída do rol de visitas e o caso encaminhado para apuração disciplinar interna.
Vítima de asma e bronquite crônicas, menina Natália tem apenas 7 anos e precisa de ajuda financeira para fazer exames e comprar medicamentos. Trabalho social é do servidor Constantino Druzian Neto, do CDP de Itapecerica da Serra
por Giovanni Giocondo
Presente em diversas campanhas de solidariedade para pessoas carentes que vivem em municípios da região Oeste da Grande São Paulo, o policial penal Constantino Druzian Neto precisa de ajuda para a realização de consultas médicas, exames clínicos e a compra de medicamentos da menina Natália, de 7 anos, que vive na cidade de Cotia e sofre com asma e bronquite crônicas.
Lotado no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Itapecerica da Serra, Constantino procurou o SIFUSPESP para dar mais destaque aos pedidos de doação, já que a garota vem de família pobre e precisa ser submetida a tratamento o mais rápido possível.
Os exames, no entanto, custam cerca de R$ 1.500, e vários medicamentos também precisam ser adquiridos para preservar a saúde dela. A primeira consulta com o epidemiologista acontece já nesta próxima quinta-feira (4).
Como parte dessa corrente solidária, o sindicato vem a público para solicitar a todos os que fazem parte do sistema prisional que compartilhem essa mensagem e doem qualquer valor, que deverá ser transferido para a conta do Constantino.
Os dados são os seguintes:
Banco do Brasil
Agência 7010-6
Conta corrente 7195-1
Constantino Druzian Neto
Por Abdael Ambruster
A classe trabalhadora precisa urgentemente compreender o seu lugar de importância na sociedade atual, ainda mais em tempos de pandemia. Essa é uma frase realmente geral, para que possa englobar a todos e todas que são cidadãos em uma sociedade diversificada como a nossa. Contudo, após generalizar, temos que focar em uma classe específica, o policial penal e o servidor do sistema penitenciário como um todo.
Como entender o seu papel enquanto profissional penitenciarista junto a uma sociedade que, além de diversificada, é profundamente desigual? É preciso mergulhar profundo na história da criação dos presídios, da necessidade de punição, de como a prisão também foi e é utilizada como instrumento de opressão das classes mais abastadas em desfavor das classes menos favorecidas.
O antigo ditado de que as prisões são destinadas a pobre, preto, puta e policia (também é preso quem prende) tem mais uma letra “P” de padre e, esse “P” é antigo.
Em seu livro “As Prisões em São Paulo: de 1822 a 1940”, leitura que indico a todos os profissionais penitenciaristas que querem entender um pouco mais profundamente o estágio larval das prisões no Brasil e no Estado de São Paulo, o sociólogo Fernando Salla relata que as cadeias eram construídas debaixo do passo municipal, ou seja, o cidadão ficava preso sob os pés do poder.
Além da população preta escravizada que ali era presa, os clérigos que se levantavam contra a determinação da Igreja Católica encontravam o seu destino em uma destas prisões.
Uma curiosidade: o cidadão que por ventura fosse escolhido pelo poder municipal para exercer a função de carcereiro, era obrigado a acatar a ordem sob pena de ser preso na mesma cadeia que, caso aceitasse, iria trabalhar.
Temos que apurar a nossa visão profissional ao entender com profundidade o nosso ambiente de trabalho.
Somos os profissionais da área penitenciarista, temos que nos especializar em nossas atividades e compreender que, como trabalhadores e trabalhadoras, temos direitos e deveres. O direito de ter direitos, de alçarmos uma vida digna, de exigir do poder público uma vida profissional digna, vida digna, como já dizia Amartya Sen em seu livro “A ideia de Justiça”. Também temos o direito e o dever de transformar o nosso meio, de trazermos para a sociedade a real visão de um sistema penitenciário que é simplesmente o retrato de uma sociedade desigual.
Neste caso, podemos dizer que as prisões são o retrato de Dorian Grey da sociedade brasileira, que, para se manter com um falso status de igualdade, manda para a cadeia todos aqueles que não lhe representam, que lhe desfigura a face horrenda da própria desigualdade.
Lembre-se que no início das prisões no Brasil a população preta escravizada era presa, padres que se levantavam contra a Igreja eram presos e aqueles que se negavam a trabalhar em suas dependências por acharem que eram “livres” para escolher, também eram presos, em uma síntese da prisão da existência, da crença e da liberdade.
Acredito que pouco tenha mudado e, para que nossa consciência de classe jamais entre em sono letárgico, precisamos nos apropriar de nossos direitos - direitos esses, caros companheiros e companheiras, são inegociáveis e o dever de trabalharmos constantemente em prol de uma sociedade menos desigual.
Abdael Ambruster é policial penal, especialista em Criminalística e em Segurança Pública e Direitos Humanos, e diretor de Base Sindical do SIFUSPESP na Penitenciária Feminina de Santana.
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