Servidor que estava em um dos raios invadidos pelos detentos por pouco também não se tornou refém. Um dos funcionários que segue sob o poder dos presos teria sido agredido
Presos seguem mantendo reféns seis pessoas - entre elas dois agentes de segurança penitenciária(ASPs) - no Centro de Detenção Provisória(CDP) de Taubaté, no Vale do Paraíba, alvo de uma rebelião iniciada na tarde desta quarta-feira, 09/08. Outras oito pessoas já foram liberadas pelos detentos, todas parte de igrejas que fazem trabalhos sociais dentro da unidade.
Segundo informações obtidas pela coordenadora da sede regional do SIFUSPESP no Vale do Paraíba, Sonia Ponciano, um dos servidores feitos reféns teria sido agredido pelos presos, mas felizmente não sofreu ferimentos graves. A sindicalista segue na frente do CDP para atualizar a categoria sobre os desdobramentos do motim.
Em entrevista concedida a jornalistas após ter sido libertada na noite de ontem, uma refém confirmou que viu o servidor sendo agredido pelos presos.
Um dos ASPs que estava trabalhando quando os sentenciados iniciaram a rebelião gravou um depoimento difundido nas redes sociais, ao qual o SIFUSPESP teve acesso. Nessa conversa, relatou os momentos de medo e terror pelos quais passou enquanto os presos rompiam os raios do CDP e se dirigiam à portaria da unidade, onde felizmente foram contidos por outros funcionários e não conseguiram fugir.
“Parecia um dia como qualquer outro. Diversos membros de diferentes igrejas estavam na unidade para fazer o seu trabalho, o diretor de disciplina fazia o atendimento normalmente, e ninguém havia percebido nada de errado até então.
“No CDP existem três gaiolas. Eu havia saído da gaiola 2 para ir até a área penal(espaço onde fica o diretor de núcleo e sua equipe) e resolver uma questão cotidiana do trabalho. Quando cheguei lá, vi os presos saindo do raio 7 após terem dominado o primeiro colega. Nisso, eles conseguiram romper o raio e descer até a gaiola 2, onde havia quatro funcionários, inclusive eu.“
“Um dos colegas conseguiu subir pela saída de emergência, o outro que estava escoltando um preso até a frente da cadeia continuou o levando pela radial, enquanto o terceiro colega infelizmente não teve tempo de sair, e acabou sendo dominado pelos presos também.”
“Eu esperei até o último instante, vi que em dado momento não dava mais para ficar ali, e graças a Deus tive a sorte de escapar”, disse o ASP.
Negociação, incêndio e agressão
A negociação se estendeu durante todo o período da tarde e à noite. Enquanto o servidor permaneceu no local em apoio aos colegas, os presos disseram que não iam devolver os reféns. Uma mulher e um idoso que faziam parte das igrejas foram libertados à noite, enquanto outros três acabaram liberados até o final da manhã desta quinta-feira, 09/08, e mais três na parte da tarde de hoje.
O servidor ainda disse que os detentos estavam quebrando as grades e abrindo buracos nas paredes, além de atear fogo a colchões e roupas. O incêndio chegou a ser interrompido na noite de ontem, mas segundo a coordenadora da sede regional do SIFUSPESP no Vale do Paraíba, Sonia Ponciano, acabou sendo retomado na manhã de hoje e no início da tarde foi novamente controlado.
Por exigência da juíza corregedora Sueli Zeraik e do Ministério Público, os presos amotinados apresentaram os reféns para que se constatasse que estivessem seguros. Os ASPs teriam dito à magistrada e à promotoria que estavam bem e que não haviam sido agredidos, e passaram a noite sob o poder dos presos, ao lado dos religiosos.
Na manhã de hoje a diretora do SIFUSPESP confirmou, no entanto, que infelizmente um dos servidores feitos reféns foi agredido pelos detentos e sofreu ferimentos e escoriações, sem gravidade no entanto. O ASP estaria em estado de choque. A informação foi repassada à sindicalista por outros funcionários que conseguiram chegar próximos ao local onde os sentenciados permanecem rebelados.
SIFUSPESP fornece respaldo emocional a familiares de agentes
Sonia Ponciano afirma que devido ao impacto do caso, familiares dos agentes estão recebendo pessoalmente o apoio do SIFUSPESP. “O trabalho emocional que precisamos fornecer a eles nesse momento tão difícil é fundamental para que, assim que essa situação for encerrada, possamos garantir auxílio na superação de um trauma tão grande que é ver uma pessoa querida ficar sob o poder de criminosos”, reiterou.
Enquanto prosseguem as negociações dos representantes da Justiça, da Secretaria de Administração Penitenciária(SAP) e do Grupo de Intervenção Rápida(GIR) com os presos para a libertação dos reféns, o presidente do sindicato, Fábio César Ferreira, retornará ao local na tarde desta quinta.
O objetivo é dialogar com os demais servidores e oferecer o respaldo jurídico do SIFUSPESP para contornar eventuais problemas específicos gerados para esses funcionários em decorrência do motim.
No olhar do sindicalista, o motim pode ter relação com a falta de funcionários suficientes para fazer a segurança da unidade.
"O déficit de servidores no sistema em todo o Estado é um problema que vem de muitos anos, e em Taubaté não é diferente. O baixo número de agentes responsáveis por zelar pelo cumprimento da pena por parte dos presos - um funcionário para cada nove detentos, em São Paulo, de acordo com dados do Departamento Penitenciário Nacional(Depen), de 2017 - certamente colabora para que casos como este se repitam e a sociedade fique à mercê da ação dos criminosos", alerta Ferreira.
Uma mulher membro da pastoral foi liberada do motim iniciado na tarde desta quarta-feira, 08/08, no Centro de Detenção Provisória (CDP) Dr. Félix Nobre de Campos, em Taubaté. Presos mantém sob seu controle outras 13 pessoas, sendo dois deles agentes de segurança penitenciária.
A informação parte da coordenadora da regional do SIFUSPESP do Vale do Paraíba, Sônia Ponciano, que ainda afirma que o diretor e coordenador da unidade com apoio de diretores e servidores da região encontram-se em negociação para a liberação de reféns.
O presidente do sindicato, Fábio Cesar Jabá, acompanhado da assessoria jurídica do SIFUSPESP encontra-se em frente ao CDP aguardando mais informações, assim como a liberação de todos os reféns. A tendência até o presente momento é que as negociações se prolonguem dada a postura dos responsáveis pelo motim. Informações extraoficiais dão conta da possibilidade de prolongar-se a rebelião até às 15h de amanhã (09/08), uma vez que o número 15 representa a facção criminosa envolvida no ato criminoso.
“Infelizmente, no momento a negociação não avança. O esforço atual é pela liberação das demais pessoas, entretanto o que ouve-se dos presos é que só vão parar quando colocarem a cadeia abaixo”, afirmou o presidente do SIFUSPESP, que junto à equipe do sindicato acompanha o desfecho desta rebelião.
O Sindicato ainda informa que as informações a respeito de rebeliões em outras unidades do Estado são falsas. Esses boatos são plantados com a intenção de gerar maior pânico na sociedade e preocupação na categoria penitenciária e não são originários de fontes de informação oficial.
Em nota oficial, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), informa que “está acontecendo um distúrbio no Centro de Detenção Provisória "Dr. Félix Nobre de Campos" de Taubaté. Dois agentes foram tomados reféns por presos, além de 12 pessoas que fazem parte de entidades religiosas. O Grupo de Intervenção Rápida, composto por agentes de segurança penitenciária, está dentro da unidade a postos. A direção está conversando com os presos envolvidos no ato de insubordinação. A ocorrência teria começado hoje há cerca de uma hora”.
O sindicato somos todos nós, unidos e organizados!
Funcionários e membros da Pastoral são feitos reféns pelos presos
Pelo menos dois agentes de segurança penitenciária(ASPs) e 12 integrantes de entidades religiosas, de acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária(SAP), estão sendo mantidos reféns por detentos do Centro de Detenção Provisória(CDP) de Taubaté, no vale do Paraíba, em um motim deflagrado na tarde desta quarta-feira, 08/08.
Há um princípio de incêndio na unidade, que ainda não foi controlado. Não há informações sobre os motivos da confusão, nem quantos presos estão envolvidos. O fato é que os amotinados queimaram colchões e conseguiram estourar os raios onde estavam, chegando até a portaria da unidade, onde foram contidos pelo Grupo de Intervenção Rápida(GIR) e pela Célula de Intervenção Rápida(CIR).
A coordenadora da sede regional do sindicato no Vale do Paraíba, Sonia Ponciano, está na frente da unidade e relatou que duas ambulâncias e um veículo do corpo de Bombeiros entraram no CDP, que possui capacidade para 844 sentenciados mas comporta atualmente 1.521 presos.
O coordenador de Unidades Prisionais do Vale do Paraíba e Litoral, Nestor Pereira Colete Júnior, já está no CDP para dialogar com os detentos e tentar negociar a libertação dos reféns.
O presidente do SIFUSPESP, Fábio César Ferreira, está a caminho do local para acompanhar os desdobramentos do motim e em breve trará mais informações sobre a situação dos reféns.
Abaixo o vídeo de nossa coordenadora Regional Sônia Ponciano direto do local dos fatos:
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