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Campeão brasileiro da modalidade em 2020 na categoria master, policial penal  mostra que esporte pode ser divisor de águas para o bem estar e a qualidade de vida do servidor

 

por Giovanni Giocondo

Do início na musculação ainda na adolescência, em 1987, quando buscou a atividade física para auxiliar no tratamento de uma bronquite, o policial penal Flavio Fasano buscou a excelência do fisiculturismo como forma de elevar a sua autoestima, sua condição física e transformar sua vida em uma rotina de vitórias em campeonatos nacionais e internacionais que o catapultaram ao auge de um esporte considerado de altíssima competitividade.

Docente de defesa pessoal, tonfa e algemas na Escola de Administração Penitenciária, trabalhando há 17 anos no sistema prisional paulista, e lotado atualmente na Penitenciária I de Sorocaba,  no interior do Estado, o servidor de 50 anos de idade conta que apesar das interrupções frequentes em sua carreira como atleta - provocadas pela grande exigência de dedicação integral aos cuidados com o organismo, que custam caro e demandam tempo e entrega - conseguiu obter resultados fantásticos e surpreendentes.

O desempenho de Flavio, que considera ter sido um dos desbravadores do fisiculturismo na cidade, pode ser resumido em duas frentes bastante distintas e que se completam. A primeira delas, relacionada à competitividade, indissociável de um esporte que leva o praticante ao extremo de suas habilidades de força, energia e estética.

São vários títulos paulistas e brasileiros, o último deles em 2020, ano em que retomou as atividades oficiais após cinco anos sem disputar nenhum torneio, e quando venceu três troféus de uma vez - até 90 kg, master 45 e master 50. Agora, o foco é a disputa do campeonato mundial da categoria master, para o qual tem se dedicado integralmente.

Quando se olha para o competidor, a primeira impressão que o público tem está nos músculos, a força e o treinamento ininterrupto. Mas existem muitos outros aspectos inerentes à condição de fisiculturista que nem sempre são explícitos e que de forma definitiva tornam a vida do atleta cada vez melhor.

Isso porque, para além das competições, Flavio Fasano lembra dos benefícios que a atividade de impacto pode trazer para a saúde do trabalhador e na sua disposição para lidar com as adversidades do dia a dia. No aspecto físico, controla o colesterol e as triglicérides, ajuda na prevenção e controle da diabetes e da pressão arterial, “além de promover o aumento da massa muscular, da força e da resistência”, entre outros benefícios.

O policial penal explica ainda que há enormes ganhos no que se refere à autoestima do indivíduo, “sua sensação de felicidade e outros fatores psicológicos”, tais como a confiança e a disciplina em se alimentar, descansar e exercer seu trabalho, conviver bem entre amigos e familiares e encontrar a harmonia de um bem estar permanente.

O SIFUSPESP, enquanto representante dos servidores penitenciários, leva adiante a ideia e a prática de acreditar e fazer com que  a máxima “corpo são, mente sã” prolifere e se torne uma das maneiras de contornar o ambiente pesado que insiste em se manter dentro do sistema prisional. Nesse sentido, o sindicato valoriza sempre os atletas amadores ou profissionais que trabalham nas unidades prisionais e fazem de sua atividade física um incentivo para que a categoria siga exemplos de perseverança e vitórias.

Por Flaviana Serafim

Um surto de contágios de coronavírus afeta a Penitenciária de Paraguaçu Paulista, na região oeste do estado, com 212 detentos com a COVID-19, como confirmado pela Prefeitura do município. Entre os servidores penitenciários, oito estão contaminados, segundo levantamento do SIFUSPESP, realizado a partir da apuração de  denúncias enviadas ao sindicato. 

Em 4 de novembro, o SIFUSPESP recebeu duas notícias de COVID na unidade, a primeira informando que havia seis detentos infectados e, logo em seguida, a informação de que seriam 15, além de outros 180 em isolamento com suspeita de contágio. Na ocasião, eram seis o total de servidores infectados e afastados com o vírus. 

Em apenas uma semana, o número de detentos com COVID-19 saltou de 15 para os atuais 212 - um aumento de 1.313%, e para oito entre os servidores penitenciários da unidade. Os casos na penitenciária correspondem a 30% do total de 684 registrados no município. 

Vale destacar que, no mesmo período, no último 7 de novembro, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) liberou o retorno das visitas às unidades prisionais, apesar do grave quadro de pandemia no estado paulista, e devido ao surto as visitações permaneceram suspensas apenas em Paraguaçu Paulista. 

“O que está acontecendo em Paraguaçu Paulista pode se repetir em dezenas, em centenas de outras unidades porque a SAP e o governo Doria insistem em ignorar a necessidade de testagem em massa, de manter as visitas suspensas e de barrar toda e qualquer transferência. Vidas estão em risco, a pandemia não acabou, mas o ‘gestor’ quer manter a falácia de que está tudo controlado em São Paulo, e não é a verdade dos fatos”, critica Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, presidente do sindicato. 

Desde o início da pandemia, a direção do SIFUSPESP tem alertado para a importância de seguir a risca o protocolo da Organização Mundial de Saúde para os ambientes prisionais, onde a recomendação é de testagem em massa devido aos riscos de rápida proliferação, dada a insalubridade já em condições “normais” e, no caso do Brasil, com o agravante da superlotação - no caso de Paraguaçu Paulista, há 1.446 presos onde a capacidade é para 844, ou 71% a mais que o total de vagas. 

Apesar da afirmação da SAP de que as transferências de presos estão ocorrendo apenas em casos emergenciais, a realidade é outra de acordo com as denúncias da categoria, outro agravante à proliferação do vírus por todo o sistema prisional. 

Na próxima quarta-feira(18), os trabalhadores penitenciários paulistas estarão em frente à SAP para um ato público. A manifestação é organizada pelo Fórum Penitenciário Permanente - formado por SIFUSPESP, SINDASP e SINDCOP. Confirme sua participação no evento neste link e lute ao lado dos sindicatos em defesa dos direitos de toda a categoria!

 

Questionada, secretaria não se pronuncia sobre plano de metas estabelecido na Lei de Diretrizes Orçamentárias(LDO), que também mantém pretensão de compartilhar gestão de outras quatro unidades prisionais

por Giovanni Giocondo

A Secretaria de Administração Penitenciária(SAP) estabeleceu como meta dar início ao processo de construção de 25 unidades prisionais via Parceria Público Privada(PPP) em 2021. A informação está disponível no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias(LDO) enviado em agosto pelo governador João Doria(PSDB) à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo(Alesp).

No mesmo documento, a SAP também menciona a pretensão de retomar o edital de cogestão de ao menos quatro centros de detenção provisória(CDPs) no ano que vem, totalizando 3.300 vagas. O texto não menciona quais serão as unidades a terem sua administração compartilhada com empresas, apesar de o secretário Nivaldo Restivo já ter dado início à licitação das unidades de Aguaí, Gália I e II e Registro, suspensa desde maio.

O SIFUSPESP é contra o modelo de privatização do sistema, tanto o da cogestão quanto o das parcerias público-privadas. No caso do compartilhamento da gestão de unidades prisionais já construídas com empresas, o sindicato entende que há inconstitucionalidade na utilização de trabalhadores terceirizados para efetuar o trabalho policial.

De acordo com o determinado pela Carta Magna, a segurança e a custódia dos detentos só pode ser feita por servidores públicos concursados, uma vez que os policiais penais fazem parte da segurança pública, considerado um serviço essencial de prerrogativa exclusiva do Estado. O SIFUSPESP também considera que o modelo de cogestão é mais caro que o público, em que pesem os valores já divulgados durante a concorrência aberta pela SAP entre 2019 e 2020.

De acordo com informações do Ministério Público do Estado de São Paulo(MP-SP), a manutenção do CDP de Aguaí custaria, por detento, até 170% mais caro que o valor por preso das unidades públicas. Esse custo não leva em conta o orçamento de cada unidade já construída, que gira em torno de R$50 milhões que foram investido pelo Estado

As parcerias público-privadas, por outro lado, seriam construídas do zero, teoricamente sem a utilização de recursos públicos. Porém, após o início da operação das unidades, o Estado pagaria valores não definidos para a empresa que vencesse a concorrência em razão dos serviços prestados. Não há informação sobre quem seriam os responsáveis pela segurança, custódia e atendimento aos detentos.

Caso essas 25 unidades seguissem o modelo sonhado pelo governador João Doria, que é o do Complexo Penitenciário de Ribeirão das Neves, em Minas Gerais, aumentam os riscos de má gestão do erário, corrupção, superfaturamento de obras e desvio de dinheiro público. Sob investigação da Polícia Civil e do Ministério Público de Minas Gerais, o negócio envolvendo o governo do Estado de Minas e a concessionária GPA apuram fraude de mais de R$300 milhões na PPP. Leia mais neste link

Além do perigo de submeter o trabalho policial aos interesses da iniciativa privada - que ganha mais com o aumento no número de detentos, por exemplo, e é recompensada financeiramente caso não haja lotação - o modelo de PPP também é obscuro no que se refere aos contratos estabelecidos com o poder público.

O inquérito aberto em Minas investiga empresários, o ex-secretário adjunto da Secretaria Estadual de Defesa Social, Robson Lucas da Silva, e uma auditora da Controladoria Geral do Estado (CGE), por suspeita de crimes de peculato, fraude em licitação e organização criminosa na gestão do contrato, que supera os R$2 bilhões para uma concessão de 25 anos. A GPA investiu inicialmente R$280 milhões para construir o complexo, em 2009.

Em São Paulo, com 25 novas unidades prisionais abertas em um ano - número que o SIFUSPESP considera bastante improvável pelo volume de trabalho a ser realizado com a procura de terrenos aptos a receber as penitenciárias, licenciamentos ambientais, obras e outras ações  - quantos recursos seriam dispendidos pelo Estado em convênios semelhantes? Por enquanto, não há qualquer resposta por parte da SAP.

Questionada ao longo desta semana sobre as novas metas previstas na LDO, a assessoria de imprensa da SAP não havia respondido até o momento da publicação desta matéria.

Na próxima quarta-feira(18), os trabalhadores penitenciários paulistas estarão  em frente à SAP para um ato público que tem entre suas bandeiras o “Não à Privatização”. A manifestação é organizada pelo Fórum Penitenciário Permanente - formado por SIFUSPESP, SINDASP e SINDCOP. Confirme sua participação no evento neste link e lute ao lado dos sindicatos em defesa dos direitos de toda a categoria!

 

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