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Trabalhadores penitenciários podem participar e concorrer a até R$30 mil na categoria “Segurança Pública”. Iniciativa de diversas organizações não governamentais, “Prêmio Espírito Público” visa trazer à tona boas práticas no setor

 

Estão abertas até o próximo dia 28/04 as inscrições para o Prêmio Espírito Público. O prêmio é uma iniciativa conjunta de diversas organizações não governamentais(ONGs), que tem como objetivo reconhecer e divulgar a trajetória de profissionais do setor público que “apesar das adversidades, contribuem para o país, geram impacto positivo na sociedade e melhoram a vida dos brasileiros”.

A Segurança Pública é uma das seis categorias contempladas com prêmios que podem chegar a até R$30 mil, além de uma viagem de imersão em referências internacionais do serviço público. Na edição do ano passado, o diretor da unidade prisional de Caucaia, no Ceará, Francisco Lino, foi um dos finalistas. A história dele pode ser conferida neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=s3BJ7NuUxhw&fbclid=IwAR0CysQGkzCiNEAT41MMjmnB0NRBkyfc0Jukpc4ndXbqDjjnkgvgHv63yNc

Também podem participar do Prêmio Espírito Público servidores com práticas reconhecidas na Educação, Meio Ambiente, Saúde, Governo Digital e Gente, Gestão & Finanças Públicas. Entre as entidades organizadoras estão a Aliança (formada pelo Instituto República, Instituto Humanize, Fundação Lemann e Fundação Brava), Agenda Brasil do Futuro, Centro de Liderança Pública e a Fundação Itaú Social.

Superação, inovação e trabalho em equipe são algumas das virtudes selecionadas pelos avaliadores, que buscam em um cenário de crise econômica e descrença nas instituições públicas, “lançar luz sobre as trajetórias de homens e mulheres que dedicam suas vidas a trabalhar pelo bem comum”.

No sistema prisional brasileiro, narrativas como essas não faltam, mas a invisibilidade dos funcionários que fazem das unidades prisionais lugares mais sustentáveis, eficientes e humanos aparece como um empecilho que o prêmio pode ajudar a superar.

"Queremos ajudar a ressignificar a imagem do bom profissional público no Brasil e valorizar as pessoas que atuam diariamente em prol do país nas mais diferentes áreas", ressalta Eloy Oliveira, diretor-executivo do Instituto República, uma das entidades que organiza a iniciativa.

Além de reconhecer o trabalho e a trajetória de excelência de profissionais públicos, o prêmio almeja também estimular os profissionais a buscar soluções para seus desafios diários. "É preciso inspirar os profissionais públicos brasileiros a fortalecer seu protagonismo na busca de soluções para os desafios do país. Queremos mostrar histórias reais que incentivem talentos de todo o Brasil a entrarem na Administração Pública", acrescenta Marina Cançado, diretora-executiva da Agenda Brasil do Futuro.

O júri do prêmio vai selecionar três finalistas de cada área, que receberão R$ 10 mil como reconhecimento por seu trabalho. Os 18 nomes serão anunciados no dia 26 de julho e convidados a participar de uma viagem de imersão em setembro, com duração de uma semana e destino a ser definido, para conhecer instituições internacionais de referência no serviço público.

Na edição passada, os vencedores viajaram para Londres, capital da Inglaterra, onde visitaram instituições como o Parlamento, a Polícia Metropolitana e a Agência Nacional de Meio Ambiente.

Na etapa final, será escolhido um servidor destaque em cada área que levará um prêmio adicional de R$ 20 mil. A cerimônia de premiação dos vencedores acontecerá no dia 28 de outubro. O júri será composto por representantes do setor público, universidades, terceiro setor e empresas com atuação em cada categoria, além dos vencedores do prêmio no ano passado.

Na avaliação, serão consideradas quatro dimensões: resultados entregues para a sociedade (que avalia soluções que geraram resultados mensuráveis); contribuições técnicas no campo de atuação (na qual serão avaliadas novas ideias, ferramentas e aplicações desenvolvidas ao longo da trajetória do candidato); contribuição para o desenvolvimento de outros profissionais públicos (que verifica como o candidato é fonte de inspiração para seus colegas); e resiliência e superação de adversidades (que reconhece momentos que exigiram força dos candidatos para lidar com adversidades típicas do setor).

 

Inscrições

Profissionais públicos de todos os estados do Brasil e níveis federativos (municipal, estadual e federal) podem se inscrever no prêmio, desde que tenham, no mínimo, 10 anos de atuação no setor público brasileiro (mesmo que de forma não consecutiva), sendo pelo menos cinco deles na última década. São duas as possibilidades de inscrição:

auto-inscrição: o candidato preenche um formulário de inscrição preliminar, e, se for aprovado nesta etapa, deverá preencher e enviar o formulário de inscrição aprofundada, conforme as instruções oferecidas em cada um deles.

indicação: o profissional é indicado por alguém (um colega, chefe, funcionário, familiar, amigo, etc). A partir daí, o profissional indicado receberá um e-mail avisando sobre a indicação, estimulando-o a se inscrever.

Os formulários de inscrição estão disponíveis no site, onde também está o regulamento completo do Prêmio Espírito Público: www.premioespiritopublico.org.br.

 

Datas:

Indicações: 25/03 a 21/04.

Inscrições: 25/03 a 28/04.

Anúncio dos finalistas: 29/07.

Cerimônia de Premiação: 28/10.

“Diante de tão belas folhas em branco resolvi

escrever poemas”.

(Do livro Balaio de Gatos de Marc Souza)

 

Sensibilidade. Não é o que se espera de um agente de segurança penitenciária ou ASP, como são conhecidos no Estado de São Paulo. Afinal no trabalho exercido  por ele considera-se a dureza. Muitos agentes contam que a partir do momento que se entra em uma unidade penitenciária faz-se necessário mudar a postura para obter respeito dos presidiários. Além de ser fundamental para a sobrevivência, já que existe uma pressão diária enfrentada por esses profissionais responsáveis pela “guarda” daqueles que foram condenados a cumprir pena, conforme a Lei de Execução Penal (LEI).  

 

Marc Souza também é colunista do Portal SIFUSPESP, único local onde dedica-se a escrever sobre o sistema prisional, num outro ritmo e estilística. Descreve de maneira crua ansiedade, medo, precariedade, gente demais dentro das grades, crime organizado, rebeliões e morte. Vida dura. Essa parte da vida de Marcelo Otávio de Souza, ASP que trabalha no Centro de Detenção Provisória(CDP) de Dracena é deixada de lado nos momentos fora dos muros da cadeia. Ele é um homem de sensibilidade, escritor de poemas e crônica, com três livros publicados: Casos Acasos e Descasos - várias variáveis de uma vida sem graça, Fatos Relatos e Boatos, e Balaio de Gatos.

 

“Fiz uma pintura

Uma obra de arte talvez

Abstratas

Daquelas que não se entende

Daquelas

Que só se sente”

 

Seus poemas e crônicas tratam do cotidiano e contém palavras exatas, como se fossem colocadas com uma pinça. Possui uma linguagem de linhas enxutas, contando a vida com humor, um certo cinismo e acidez - “Ela destruiu os meus sonhos. E eu... Eu... Eu nem liguei! Fui à padaria e comprei sonhos novos. Fresquinhos, fresquinhos”. Além de falar do amor - “Naquela noite sorriram, choraram e se amaram pela última vez amor” - do prazer, e falando da própria Língua Portuguesa, ““Puta que pariu!” é um patrimônio nacional. Um patrimônio da língua portuguesa” -. da qual é amante e “voraz consumidor”, conforme dito por ele.

 

Em seus livros, é clara sua paixão pela literatura. Como escritor, ele é Marc Souza e registra textos em uma linguagem caracterizada como contemporânea -“Esquecemo-nos de nossas origens, do nosso nome. Esquecemo-nos de nós mesmos. Com a intenção de causarmos grande impressão, criamos personagens fictícios, que, por mais que nos esforcemos, nunca o seremos”, ao mesmo que aparenta um saudosismo quase escondido pela língua culta, utilizada em outras épocas. Ou seja, Marc não banaliza e é conhecedor do nosso bom Português. Quem sabe por meio da leitura de ícones literários como Machado de Assis e Eça de Queiroz, entre tantos outros.

 

A leitura é fluida, saborosa, interessante e surpreendedora. Marc Souza transborda de alegria nesta necessidade boa de extravasar sentidos no papel que hoje tornou-se tela. Ele fala da família de hoje, do despedaçar da mesma, do sempre, e saúda o passado presente na memória de quem viveu criança na rua, nu dos eletrônicos que nos fazem ausentes, conforme seus textos, conforme seu coração - “Bons tempos aqueles em que para sermos felizes bastava-nos uma bola velha e uma imaginação sem limites.”

 

Nesta trajetória de belos escritos, de Arte Literária, Marc Souza já foi premiado algumas vezes e costuma participar de concursos que exaltam a escrita brasileira com uma nova geração de escritores. E é comprovado desde muito tempo que sejam eles quem forem, não importa o ofício, mas a dedicação à paixão da escrita. A armadura do agente penitenciário cai por terra nos momentos de liberdade. Sem ansiedade ou medo, sem lidar com a possibilidade da morte ou do peso da vida, tão presente nos corredores da prisão. Um personagem? Marcelo parece ele mesmo quando Marc, porém livre de qualquer amarra.

 

A literatura como esperança por Marc Souza

Palavras e sonhos do escritor, vindas de uma entrevista realizada pelo SIFUSPESP, aqui registradas na íntegra para não desperdiçá-las num formato jornalístico pobre e distante dele

 

Um bom texto faz pensar. Um bom texto tira você do ambiente comum, mostrando novas perspectivas, trazendo novas idéias, criando opiniões. E isso é lindo. É libertário.

Eu tenho um projeto que em alguns anos pretendo colocar em prática: um curso gratuito de literatura criativa para pessoas carentes.

 

Acredito que assim poderemos mudar, não só o ambiente que estes vivem, mas também a comunidade em que estes vivem. Porque por meio da leitura e da escrita você começa a pensar o meio em que vive. Você começa a analisar e buscar soluções para o meio em que vive. É uma formação de seres pensantes e atuantes.

 

Eu acredito que quando pudermos fazer com que compreendam o poder que tem a literatura de fato, toda amarra do nosso povo soltará, porque quem lê, pensa. Isso é fato .Quem lê pensa. Analisa. Entende. E quando você passa a entender o mundo em que vive, também passa a fazer parte dele com consciência e tende desejar mudá-lo para melhor.

 

Eu não posso falar que a literatura é uma válvula de escape, porque na verdade eu criei um alter ego. Existe o Marc Souza escritor e o Marcelo Otávio de Souza, agente de segurança penitenciária. São as mesmas pessoas, mas não são. Procuro separar os dois.

 

Tenho o sonho de escrever um dia um romance, no entanto, hoje, só escrevo contos e crônicas. Considero que seja a maneira mais fácil de introduzir uma pessoa nas letras.

Tratam-se de textos curtos, simples, diretos. Em um país onde não há uma cultura literária, quando uma pessoa começa a ler a descrição de um pôr de sol com uma duas folhas, ela abandona o livro e deixa de lado. Por isso hoje escrevo contos e crônicas.

 

Desde garoto eu tenho profunda paixão por histórias. Meu pai era um grande contador de histórias e eu ficava fascinado com as histórias que ele me contava... Meu primeiro contato com a literatura deu-se através da série vaga-lume que a minha professora de sexta série nos obrigava a ler. Eu simplesmente adorava ler aqueles livros.

 

Eu fui crescendo e sempre pensava em escrever. Criava histórias na minha mente, mas nunca passava no papel. Então eu descobri o site recanto das Letras. Nele eu criei o Marc Souza e passei a escrever contos e crônicas. Mas ninguém sabia disso. Acho que devo ter mais de trezentos contos, crônicas e poesias escritos lá. Eu morava em Birigui e fiquei sabendo de um concurso lá sobre os cem anos da cidade. Foi quando resolvi escrever um conto e uma crônica em homenagem a cidade. Mas, sem nenhuma intenção de ganhar, fiz por fazer. Resultado: Segundo lugar em contos e terceiro em crônicas. Esse concurso fez com que eu resolvesse fazer uma coletânea de contos e crônicas que resultou no meu primeiro livro: Casos Acasos e Descasos - várias variáveis de uma vida sem graça.

 

Não parei mais.

Abrindo a audiência pública que aconteceu na Alesp nesta data (05/04), o presidente do SIFUSPESP, Fábio Jabá, falou sobre os riscos que envolvem a privatização do Sistema Prisional. Alerta também sobre a abertura do edital, pela SAP, que acaba por convocar para a audiência pública para tratar da concessão de novas unidades prisionais à iniciativa privada. Saiba sobre: https://www.sifuspesp.org.br/noticias/6564-sap-lanca-edital-e-tenta-dar-inicio-a-processo-de-privatizacao-do-sistema
 
O presidente do Sifuspesp afirmou que o déficit de servidores e a superlotação prejudicam a segurança das unidades prisionais, e podem piorar com a privatização: "Nossa capacidade de mudar essa história depende da mobilização dos trabalhadores em defesa de um sistema mais seguro e que não priorize o lucro. É um perigo para a sociedade."
 
O sistema penitenciário trata-se de um tema de política pública complicado pelas inúmeras posições divergentes que o acompanha, e porque trata da pena de pessoas pelo Estado e a forma de sua execução, temas que possuem opiniões muito diferentes. Ainda mais, o Estado não investe com o mínimo para garantir direitos e condições de trabalho, o resultado é que neste vácuo, o crime organizado atua. Agora com a mesma lógica de tratar pessoas como mercadoria, própria do crime organizado, o governo do Estado propõe a privatização do sistema. Estamos preparados, com união da categoria e da sociedade podemos mais, o Brasil, São Paulo, o sistema penitenciário podem ser melhores a medida de nossa luta e esforço. Sigamos juntos em pontos em que todos estejam de acordo. O primeiro ficou claro: Privatização do Sistema Penitenciário é um crime contra direitos e representa um retrocesso social.
 
Jabá alertou a diversos movimentos sociais e a nossa categoria dos riscos que a privatização do Sistema Penitenciário representa para a sociedade neste momento. Também explicou o que está por trás da audiência pública convocada por Dória após perceber que a aproximação de diversos setores sociais contra a privatização iria ser consolidada neste evento. 
 
Temos que seguir em luta. E agora mais unidos e aguerridos. Jabá ao final de sua fala convocou a categoria para novos atos de manifestação de rua entre outras atividades. No dia 06 de maio, dia da audiência de Dória e não da sociedade paulista, estaremos lá presentes. Para isso Jabá convocou a todos. Veja o vídeo abaixo: 
 
 

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