O Sistema Prisional possui um tesouro, um grande número de funcionários que são extremamente capacitados e criativos, o sistema ganha muito oferecendo oportunidades para estes potenciais.
Lívia Barreiro da Silva, “Agente de Segurança Penitenciária com muito orgulho”. Esta foi a frase de Lívia agregada a uma postagem numa rede social, enaltecendo a categoria da qual pertence e afirmando que escolheu conscientemente a profissão.
Diferente do discurso de senso comum da categoria prisional, o famoso “não fazia ideia de onde estava se metendo”, Lívia escolheu a carreira, inspirada no seu pai, Italo Alves da Silva, também ASP. Com um currículo brilhante e uma carreira longa no funcionalismo público, embora ainda seja jovem, a agente é uma mulher que se empenha em fazer muito além do trabalho, tendo em suas histórias várias atividades voluntárias, sempre pensando no benefício da própria categoria do sistema penitenciário e no fortalecimento da mesma.
Possui três especializações pela Cruz Vermelha Brasileira, é credenciada na Polícia Federal nas disciplinas de radiocomunicação, vigilância, prevenção e combate a incêndio, primeiros socorros, gerenciamento de crises, relações humanas no trabalho, noções de criminalística e técnicas de entrevista, sistema de segurança pública e crime organizado, e uma ampla visão de como o Sistema Penitenciário funciona.
Lívia conta que seu pai a incentivou a sempre estudar e buscar as mais diversas fontes de conhecimento para que fosse mais eficiente em qualquer trabalho que viesse a exercer. Ela foi em busca de diversas formações. Ingressou no serviço público ainda com 18 anos na Polícia Militar e depois passou por outros trabalhos do funcionalismo.
“Foram diversos concursos, sendo os que assumi foram oficial administrativo na Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), agente na Fundação CASA, secretária de escola na Secretaria da Educação, Agente Técnico na Prefeitura de São Paulo e o último em 2010 regressei à SAP como Agente de Segurança Penitenciária”, onde estou até hoje, contou Lívia
Ela enfatiza que assumiu este cargo sabendo muito bem as suas funções e o manejo das mesmas. Seu pai é agente penitenciário há 20 anos e foi sua grande inspiração. Atualmente a ASP encontra-se lotada no Centro de Detenção Provisória de Santo André. Na mesma região desenvolve diversos projetos, entre eles cursos, todos de maneira acessível.
Formada em Educação Física, durante o percurso de suas carreiras concluiu várias especializações, tais como Instrutora de Trânsito credenciada pelo DETRAN/SP. Especialização usada hoje em favorecimento do trabalhador penitenciário.
“Devido a esta especialização em parceria com outro docente fizemos um projeto no CDP de Santo André na Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT). Montamos o Curso de Pilotagem Defensiva para Motociclistas. Este curso também foi realizado voluntariamente em algumas unidades prisionais, já que existe uma preocupação de diminuir o número de mortes de companheiros no trânsito”, ela explica.
Existem dados estatísticos de que é maior o número de óbitos de funcionários por acidente de motocicleta durante o percurso do que por arma de fogo.
“Neste sentido caminha também o projeto de Direção Defensiva para Condutores de Transportes de Reeducandos que ainda está em análise para ser realizado na Escola da Administração Penitenciária (EAP). Entretanto, já realizamos com todos os motoristas do CDP de Santo André”, conta a ASP.
Todas essas idéias e projetos veem com a expectativa de melhorar a saúde e bem estar dos funcionários e a qualidade de vida deles quando desempenham suas funções. Além de tudo isso, Lívia é Bombeiro Civil Voluntária na cidade de Embu Guaçu, onde trabalha nos dias de folgas. Na mesma cidade é instrutora do curso de formação de novos bombeiros.
Entre as demais especializações no currículo da ASP estão a de Instrutora da “STS Defense International” realizada fora do Brasil, ou seja de Instrutora de Emergências Táticas. Ela tem pretensão de aplicar todo o conhecimento que adquiriu nas turmas de formação da EAP, onde já é docente na Disciplina de Prevenção e Combate a Incêndio e Socorrismo à quatro anos.
Servidor a serviço do servidor
Para a Agente de Segurança Penitenciária Lívia Barreiro da Silva, a Secretaria de Administração Penitenciária possui funcionários com conhecimentos fantásticos, entretanto eles acabam ficando escondidos nas unidades onde trabalham e não são vistos. Muitas vezes realizam trabalhos voluntários que não chegam ao conhecimento nem ao mesmo dos companheiros das demais unidades.
“Hoje o perfil da grande maioria dos funcionários são de se evoluírem e se destacarem como pessoas capacitadas, com conhecimento em diversas áreas, porém estão apagados, não se mostram. A SAP perde muito com falta de união do corpo funcional”, diz Lívia. .
Ela trabalha como instrutora de um grupo chamado GOC, Grupo de Operações Carcerária, formado por vários agentes penitenciários de vários estados que reúnem-se para trocar conhecimentos voltados para a área do sistema penitenciário. Uma interessante iniciativa de junção de conhecimentos, aprendizagem e aproveitamento.
“Fazemos "vaquinha" para trazer instrutores renomados para o Estado de São Paulo e termos instrução da mais alta qualidade. Neste grupo estão agentes de vários estados do Brasil. Também fazemos diversas arrecadações com a finalidade de ajudar os funcionários que se acidentaram no período de trabalho. Promovemos cursos básicos com a arrecadação voltada diretamente para quem está com dificuldades financeiras devido aos acidentes que são muito comuns”, explana.
Dentro desta iniciativa fantástica, ainda sem local para realizar os cursos, os participantes do GOC buscam sítios para alugar, e até mesmo acampam em matas fechadas para realizar os cursos ali mesmo. Os treinamentos são de técnicas no uso de algemas, recaptura de foragido, intervenção, primeiros socorros entre outros. Todos os cursos são certificados e de custo baixíssimo.
Sifuspesp apoia iniciativa e conta com união dos servidores para aumentar pressão sobre governo do Estado
Indignado com a proposta de reajuste salarial de 3,5% feita pelo governador Geraldo Alckmin(PSDB) para o funcionalismo público, um agente de segurança penitenciária(ASP) que há 26 anos trabalha na Penitenciária de Presidente Prudente organizou uma petição pública para mobilizar a categoria a exigir um aumento digno e condizente com a dedicação dos funcionários ao bom funcionamento das unidades prisionais paulistas.
A ideia de Rosalvo da Silva surgiu diante do que ele via como “falta de mobilização da categoria”. “Na minha opinião essa proposta é uma ofensa a todos nós, e por isso eu resolvi debater com os colegas essa indignação e criar esse abaixo-assinado para fomentar a discussão entre os agentes e ao mesmo tempo construir em conjunto um documento que pode demonstrar que estamos sim mobilizados”, esclarece.
Iniciada na noite do último domingo, a petição pública já conta com cerca de 1.500 assinaturas e pode ser acessada pelo link: http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR104064
No texto que acompanha o abaixo-assinado, Rosalvo esclarece que o governo do Estado descumpre a Constituição Federal ao não garantir aos servidores ao menos a reposição inflacionária anual, que se fosse seguida à risca teria de fornecer aos funcionários do sistema prisional 32% de aumento. Esse percentual leva em consideração o último reajuste, concedido ainda em 2014.
Após a coleta de assinaturas, o ASP pretende aproveitar o retorno ao trabalho dos deputados estaduais para em conjunto com os sindicatos ir à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo(Alesp), protocolar o documento e mobilizar os servidores do sistema prisional para dialogar com os parlamentares sobre um aumento realmente digno.
Apesar de proposto por Alckmin, o reajuste de 3,5%, a ser dado a partir de 1 de fevereiro, ainda precisa passar pelo crivo dos deputados.
“Eu fico espantado de ver a falta de luta, a falta de ação e de politização dos companheiros. Mas nem todos estão satisfeitos com essa ofensa anunciada pelo governo, e por isso eu me mobilizei. E conto com apoio dos sindicatos, porque sei que esse respaldo vai auxiliar para que mais pessoas assinem o abaixo-assinado e compreendam tamanha indignação”, relata Rosalvo Silva.
O presidente do SIFUSPESP, Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, elogiou a iniciativa do ASP e colocou o sindicato à disposição para amplificar o movimento. “Quando um servidor toma uma atitude como essa é preciso estender a mão a ele e seguir em frente com o movimento, utilizando da organização sindical para fazer essa iniciativa repercutir junto à categoria e uni-la ainda mais em torno dessa bandeira fundamental, que é o reajuste digno. Tal atitude prova que os trabalhadores não estão acomodados e farão valer os seus direitos sem temer. Todos que assim agirem podem contar conosco”, explica Jabá.
Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo reúne-se com diretoria da unidade levando as demandas das agentes penitenciárias
A Penitenciária Feminina de Pirajuí recebeu a visita do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (SIFUSPESP) representado por componentes de sua diretoria, destacando a Agente de Segurança Penitenciária (ASP) Stella Kulaif Moreira, diretora de base da região e a vice-presidente Márcia, naquele momento representando a base feminina da categoria. Junto à elas o diretor jurídico Wellington Oliveira, o secretário geral José Ricardo de Oliveira Mesiano e o primeiro secretário Reinaldo Duarte Soriano.
A visita aconteceu na última quarta-feira, dia 10/01, a primeira do ano e faz parte do calendário de 2018 do SIFUSPESP que pretende atender ao chamado da categoria para estar nas unidades prisionais cobrando dos diretores gerais dos presídios melhorias de trabalho, atendendo as queixas do trabalhador penitenciário.
Os diretores do sindicato foram recebidos pela diretoria geral da unidade, realizando uma reunião para ouvir as dificuldades trazidas pelas ASPs. Segundo Stella, a diretoria geral da penitenciária comprometeu-se em verificar as situações levadas, demonstrando abertura e cooperação.
Stella ainda afirma que visitas como esta trazem credibilidade e força ao sindicato e são sempre benéficas, principalmente para as ASPs que sentem-se desamparadas em relação às suas necessidades. “Essa credibilidade foi se perdendo com o tempo e a nova administração do SIFUSPESP pretende retomar com ações desse tipo”, assegurou ela.
A mulher ASP e a Penitenciária feminina
Uma penitenciária feminina tem grandes diferenças se comparadas com uma masculina. Mulheres chegam até ela por cumplicidade aos seus companheiros envolvidos com o tráfico. Muitas são mães e possuem forte ligação emocional com os filhos e grande sensação de perda e isolamento.
Segundo Stella Kulaif Moreira, a superlotação e o déficit funcional são os principais problemas enfrentados pela funcionária prisional. Para ela, a dupla jornada enfrentada pela mulher também desgasta a ASP.
“Somos esposa, mãe, filhas. Nossas demandas em casa são praticamente infinitas. Não temos descanso. Na penitenciária, especificamente em Pirajuí, vejo mais do que coragem nas companheiras e por isso respeito o trabalho das agentes de maneira responsável. Conheço a realidade e resolvi lutar pela mulher servidora”, explica a diretora de base.
“Vamos além da nossa responsabilidade. As ASPs acabam sendo as ouvintes do desprovimento das presas, que muitas vezes querem apenas desabafar. A ASP acaba acumulando função de “psicóloga”, “assistente social” e “enfermeira”, além de assumir o cuidado de dois ou três postos de guarda”, relatou.
“Muitas companheiras acabam tão cansadas e doentes que saem de licença. Muitas vezes precisamos de apenas um dia de silêncio. Não temos. Temos nossas necessidades emocionais. Não conheço uma ASP que não faça uso de medicamento para depressão ou ansiedade, ou algo mais grave”, afirmou.
Necessidade da luta sindical
O SIFUSPESP entende que devido as mudanças políticas do país, um enfraquecimento sindical acabou acontecendo. Mas o SIFUSPESP, com sua nova diretoria, tem sido um dos sindicatos no país que tem apontado sua política sindical no sentido contrário, ou seja da luta, e estamos no momento de nos unir e nos fortalecer. “Nesta visita percebi que a categoria sentiu uma aproximação e uma esperança de que o sindicato esteja sempre presente, como pretendemos”, disse a vice-presidente do sindicato, Márcia Barbosa.
“Organização e militância constante farão com que as ASPs sintam a presença dos representantes da categoria e representadas unam-se a luta, agregando força”, finalizou a vice-presidente.
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