O sistema prisional paulista enfrenta sua pior crise estrutural da história. Com um déficit funcional de mais de 31% no quadro de policiais penais, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) vive um cenário de colapso, agravado pela falta de investimentos, superlotação e a ausência de concursos públicos há oito anos.
A população carcerária no estado já ultrapassa 215 mil pessoas, enquanto o número de servidores diminui a cada ano. Somente entre 2023 e 2024, houve uma redução de mais de 1.836 policiais penais. Esse cenário tem levado a situações extremas, como tentativas de motim, assassinatos de presos e ataques a policiais, tornando o ambiente cada vez mais perigoso e insustentável.
Além da falta crônica de pessoal, os policiais penais sofrem com baixos salários, funções não regulamentadas e a obrigação de realizar cursos de formação em seus períodos de folga, sem remuneração – prática ilegal que foi normalizada pela atual gestão da SAP, sob o comando do secretário Marcelo Streifinger.
O SINPPENAL alerta para essa situação desde 2017, mas nenhum governo tomou as providências necessárias. Pelo contrário: a gestão Tarcísio de Freitas aprofunda o desmonte iniciado no governo de João Doria, com cortes orçamentários e tentativas de privatização que ignoram a gravidade do problema.
Diante desse cenário crítico, o sindicato solicita uma reunião urgente com o Diretor Geral da Polícia Penal para discutir temas essenciais, como:
- Reenquadramento de Carreira: há incertezas sobre a implementação e critérios, especialmente para quem não se enquadra nos 70% do contingente que será promovido.
- Cursos de Nivelamento: muitos agentes não conseguem concluir a formação por falta de estrutura, mas são designados para funções que exigem o curso.
- Bonificação por Resultados: não há transparência sobre o pagamento ou cronograma.
- Turno 24x72: não há avanços na discussão sobre a implementação de uma escala mais humana.
- Déficit de Pessoal: as 1.100 vagas previstas em concurso são insuficientes para cobrir mesmo a rotatividade anual.
- Segurança Armada: policiais relatam sobrecarga, plantões dobrados sem compensação e falta de condições para exercer funções de alta periculosidade.
- Porte de Arma: documentação atrasada e falta de diálogo com a Polícia Federal para regularização de armamentos.
- Saúde Mental e Assédio: quais os planos concretos para adequação à nova NR-1, que prevê cuidado com riscos psicossociais.
A Polícia Penal nasceu em um sistema à beira do caos, com unidades superlotadas, profissionais sobrecarregados e sem o suporte necessário do governo do estado. A falta de vontade política para resolver o problema é evidente, e os trabalhadores são quem pagam o preço.
O SINPPENAL reforça a urgência de um plano efetivo de valorização dos servidores, com reajuste salarial,investimento em estrutura, concursos públicos regulares e o cumprimento das leis trabalhistas. A segurança dos policiais penais e da sociedade paulista depende disso.
Sempre nos dispusemos ao diálogo, pois como legítimos representantes dos Policiais Penais conhecemos a verdadeira realidade das carceragens, muralhas e bases de escolta.
Entendemos que o DGPP como um Policial Penal de carreira é capaz de enfrentar os desafios utilizando as capacidades mais importantes dos Policiais Penais que é a capacidade de dialogar, resolver conflitos e atuar em ambientes adversos.
Abaixo a LIve do Presidente do SINPPENAL Fábio Jabá falando desses e de outros assuntos urgentes
O Governo do Estado anunciou a abertura de inscrições para o concurso da Polícia Militar de São Paulo, com 2,2 mil vagas, que podem ser feitas até o dia 23 de outubro pelo site da Fundação Vunesp. Os candidatos deverão passar por seis etapas dentro do processo seletivo. A taxa de inscrição é de R$ 85 e a remuneração básica inicial para o cargo é de R$ 5.055,53.
Embora o Governo afirme ter aberto 14,4 mil vagas para reforçar o policiamento ostensivo e preventivo da Polícia Militar em todo o Estado de São Paulo, desde 2023, o déficit de pessoal na segurança pública é uma realidade com a qual a população convive diariamente.
O Estado de São Paulo, com o maior efetivo de policiais militares do país, sofre com um déficit de 14,9%, número admitido pela própria Secretaria Estadual da Segurança Pública. Já na Polícia Civil, o número chega a 15.350 (dados de junho/2025).
Na Polícia Penal, a situação não é diferente. Muito pelo contrário, o déficit é de 31,58%, o maior na Segurança Pública, e sem concurso público há anos, a categoria aguarda pela realização do processo seletivo para 1.100 vagas, que, na melhor das hipóteses, pode acontecer em 2026, ano eleitoral, cujas restrições para contratações podem, também, influenciar nessa área.
Levando-se em consideração o crescimento da população carcerária no Estado, a conclusão óbvia é que o déficit tende a aumentar, assim como os problemas advindos dessa situação. Dados da evolução da população prisional de setembro deste ano apontam que o crescimento anual é de 11.338, contra 8.139 de 2024.
Basicamente falando, a quantidade de policiais penais é ínfima ante uma população carcerária que só cresce. A superlotação provoca problemas que vão desde a insalubridade, precariedade da estrutura física dos prédios, possível aumento do poder das facções criminosas, até a degradação humana, com a falta de saúde, com a propagação de doenças, que afeta o corpo e a mente tanto dos prisioneiros quanto para os profissionais que lidam com essa situação.
Para piorar esse quadro, entre 31/12 de 2023 e 31/12 de 2024 a Polícia Penal perdeu 1.836 Policiais entre aposentadorias, mortes, exonerações e demissões a bem do serviço. A situação é crítica, como mostra um estudo do Instituto de Psicologia da USP que aponta uma diminuição na expectativa de vida dos servidores do sistema prisional de apenas 45 anos, ante os 73 previstos em 2010 para a população em geral, de acordo com dados do IBGE de 2010.
Vale lembrar que a ONU (Organização das Nações Unidas) e o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) recomendam a proporção de um policial penal para cada cinco presos, quando na realidade, em São Paulo, esse número vai muito além das recomendações, em alguns anos se aproximando do dobro, em outros, com dados alarmantes.
Em 2021, a média era de 9,2 presos por agente de custódia, subindo para 9,4 presos por agente, em 2022, e 10,05 presos por Agente de Segurança Penitenciária (ASP), em 2023. No caso dos Agentes de Escolta e Vigilância Penitenciária (AEVP), o número chegou a 26,36 presos para cada AEVP, mais que cinco vezes o recomendado pelo CNPCP.
Um exemplo claro dessa disparidade acontece em Mirandópolis, no interior do Estado, onde o número chega a 22 presos por agente, confirmados por dados do levantamento das inspeções do Conselho Nacional de Justiça, de julho e agosto. Esses números absurdos são comprovados em todos os presídios de São Paulo, onde a superlotação já faz parte do cotidiano dos policiais penais.
O quadro é grave e nos traz vários pontos para reflexão, mas um deles é urgente: adianta colocar mais policiais para prender os criminosos se não há efetivo para custodiar a população carcerária? O barril recebe cada vez mais pólvora até a inevitável catástrofe!
A situação é crítica e precisa de atenção especial, porque a segurança pública é um dos pilares da vida do cidadão!
O Departamento de Gestão de Pessoas (CGP) da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) publicou nesta quarta-feira (10/09) o Edital CGP Nº 001/2025, que abre oficialmente o Processo de Progressão referente ao ano de 2020 para os servidores regidos pela Lei Complementar 1.080/2008.
É importante destacar que esta progressão está com quase cinco anos de atraso, fato que o SINPPENAL sempre criticou e combateu. O Sindicato possui uma Ação Judicial em andamento para cobrar do Estado a aplicação de todos as progressões de carreira que estavam atrasadas desde 2015, garantindo o direito dos servidores à evolução funcional e à respectiva recomposição salarial, é importante salientar que dada a ilegalidade da supressão das progressões o edital determina que os resultados financeiros serão retroativos a 1º de novembro de 2020.
Confira abaixo as informações principais do edital:
QUEM PODE PARTICIPAR?
Servidores titulares de cargos ou ocupantes de funções-atividade das seguintes classes:
QUAIS SÃO OS REQUISITOS? (Em 31 de outubro de 2020)
QUANTAS VAGAS HAVERÁ?
A progressão beneficiará até 20% do total de servidores de cada classe que estavam em exercício em 31/10/2020.
COMO SERÁ A SELEÇÃO?
A classificação final será calculada da seguinte forma:
PRAZOS IMPORTANTES:
EFEITO FINANCEIRO:
Quando concedida, a progressão terá efeitos financeiros retroativos a 1º de novembro de 2020.
O SINPPENAL RECOMENDA:
Fique atento! Procure o setor de RH da sua unidade para confirmar se seus dados e avaliações estão corretos e se você se enquadra nos requisitos.
Reúna desde já os certificados e diplomas de cursos e eventos realizados em 2019 e 2020 para agilizar a comprovação quando a lista de aptos for publicada.
O SINPPENAL reforça que a publicação deste edital, ainda que tardia, é uma conquista da pressão sindical e da ação judicial movida pela entidade. Seguiremos lutando na Justiça para que todas as progressões pendentes sejam implementadas, assegurando os direitos de todos os servidores da SAP.
Ação do Jurídico do SIFUSPESP
Frente ao descumprimento dos processos de promoção anteriores o SIFUSPESP/SINPPENAL tem uma ação na justiça para obrigar o governo do estado a implementar os concursos de promoção tanto para os servidores regidos pela Lei 1157, quanto para os regidos pela Lei 1080, entre os anos de 2015 e 2023.
Confira o edital na íntegra no link abaixo:
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